
A novela Windeck e o programa Ponto do Samba renderam à TV Brasil e à Rádio Nacional do Rio de Janeiro (AM 1.130 KHz) o Prêmio Camélia da Liberdade, na categoria Veículos de Comunicação. O prêmio é uma iniciativa do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e tem como objetivo estimular o desenvolvimento de projetos de ações afirmativas, de valorização da diversidade e inclusão étnica. A comenda será entregue no dia 25 de março, na casa de espetáculos Vivo Rio, no Rio de Janeiro.
Windeck é a primeira novela angolana exibida no país. No ar na TV Brasil desde novembro de 2014, a exibição da novela Windeck contou com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR). “O prêmio recompensa o esforço da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da Secretaria de fazer valer a Lei 12.228/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) ao veicular uma produção angolana no Brasil, numa ação de comunicação pública que visa a dar visibilidade a representações positivas da pessoa negra”, comemora o diretor-geral da EBC, Américo Martins.
Produzida em 2012 pela Semba Comunicação, Windeck esteve entre as quatro telenovelas indicadas ao Emmy Internacional em 2013. Além de permitir a aproximação cultural entre Angola e Brasil, a novela se destaca por contar apenas com atores negros, o que não ocorre nas produções brasileiras. “É um marco importante para o fortalecimento da identidade dos afro-brasileiros e para o estreitamento das relações culturais entre os dois países", ressalta Américo.
Ponto do Samba, por sua vez, é apresentado há 35 anos pelo compositor, jornalista, roteirista, teatrólogo e radialista Rubem Confete. No ar de segunda a sexta, às 13h30, o programa traz o contexto do samba carioca para os ouvintes com a presença de interpretes, compositores, grupos musicais, além de comentários sobre os últimos álbuns lançados, shows e o carnaval.
“Quando chegamos na rádio, o samba não tinha tanta projeção”, recorda Rubem Confete. Ele lembra que o estilo musical já sofreu muito preconceito e chegou a ser perseguido. “Qualquer barulhinho, qualquer samba, e as pessoas já eram presas”. Para Rubem, o prêmio coroa todo o esforço para tornar o samba o que ele é hoje. “É um reconhecimento que muito nos honra.”
Sobre o prêmio
O Prêmio Camélia da Liberdade, que se realiza uma vez por ano, é um reconhecimento do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) a iniciativas que promovam as Ações Afirmativas como forma de contribuição para superar as desigualdades raciais e sociais. O prêmio, que chega a sua oitava edição, divide-se em cinco categorias: personalidades, experiências educacionais, veículos de comunicação, instituições governamentais e empresas.
Destina-se também a personalidades, cujas trajetórias estejam vinculadas à luta pela promoção e valorização dos elementos da cultura e identidade negra. O nome do prêmio se deve à flor camélia, que era o símbolo que identificava os abolicionistas cariocas. Para o secretário-executivo do CEAP, Luiz Carlos Semog, “a Rádio Nacional se destaca pelo conjunto de matérias e abordagens sobre questão racial no país."O mérito da TV Brasil, segundo Semog, deve-se ao “ineditismo de veicular, na tevê brasileira, uma novela onde os negros aparecem nos papeis principais, como é o caso de Windeck.”