A partir das 21h30 deste sábado (2), os fãs da novela angolana Windeck – Todos os Tons de Angola podem conferir os melhores momentos da trama exibida pela TV Brasil desde novembro do ano passado. Além de cenas marcantes do folhetim, a emissora exibe os dois últimos episódios apresentados na última segunda e terça-feira.

Após cento e vinte capítulos, a primeira novela africana que ganhou as telinhas do país chega ao fim. Além do sotaque, o folhetim é reconhecido pelo ineditismo de veicular, na tevê brasileira, uma história onde os negros aparecem nos papeis principais e de protagonismo social. O elenco da produção realizada em 2012 pela Semba Comunicação é majoritariamente formado por atores negros.
A telenovela foi ao ar, de segunda a sexta, às 23h, na TV Brasil, e agradou o público, especialmente em Salvador (BA) e Porto Alegre (RS). Os telespectadores de outras regiões do país também acompanham as lutas por poder e dinheiro que se passaram, na maior parte do tempo, na redação da revista de moda Divo.
Repertório musical diversificado e estrutura narrativa sólida
Bem costurada, a estrutura dramática da história de Windeck contempla os elementos clássicos da teledramaturgia. A sinopse conseguiu desconstruir estereótipos sobre a África. Com drama e doses de humor, o enredo da novela mostrou os distintos eventos que constituíram a trama que se passa em Luanda, capital de Angola. O folhetim apresentou uma cidade moderna, mesmo com os desafios de seu processo de reconstrução.
Outro destaque da produção estrangeira diz respeito à trilha musical que trouxe para o telespectador brasileiro variados estilos tipicamente angolanos que iam do semba ao kuduro passando também por ritmos que lembram a nossa MPB. A novela aproximou a cultura africana da brasileira e promoveu a identificação do público.
Desfecho da trama, premiações e repercussão do folhetim angolano
Os últimos capítulos revelam o destino de vários personagens e, é claro, do principal par romântico: Ana Maria (Nadia da Silva) e Kiluanji Voss (Celso Roberto). Esclarece também polêmicas e segredos mantidos durante todo o climax da trama. No episódio final, o público descobre ainda quem matou o mau-caráter Xavier Voss (Ery Costa), dono da revista Divo.
Aliás, os vilões também fizeram sucesso. "Sedução, inveja e intriga acabam por nos cativar", dispara a atriz Grace Mendes, que representou a ambiciosa Rosa. A antagonista Vitória Kajibanga (Micaela Reis), irmã de Ana Maria, tem um final surpreendente e um encontro inesperado com uma inimiga.
A trama também teve a participação brasileira. Rocco Pitanga, irmão da atriz Camila Pitanga e filho do também ator Antônio Pitanga, interpretou Gabriel Castro, diretor criativo da empresa japonesa Skylight. Na história, ele foi à Angola fotografar uma nova campanha.
O ator Ery Costa, que viveu o todo-poderoso Xavier Voss, acredita que os personagens, mesmo quando perversos, criam uma empatia com as pessoas. "Apesar de ser mal, muita gente se identifica", resume o intérprete do empresário dono da revista Divo, que foi assassinado e concentra as maiores atenções no capítulo final sobre quem o matou.
"Windeck veio revolucionar toda uma estrutura da teledramaturgia angolana porque foi a novela que teve o maior impacto em Angola, e não só, visto que fomos indicados para um Emmy", pondera Ery Costa. Em 2013, o folhetim esteve entre as quatro telenovelas indicadas ao Emmy Internacional - junto com duas produções brasileiras e uma canadense - vencido por Lado a Lado, da TV Globo.
Windeck pautou temas relevantes para a sociedade
De acordo com a assessora da Empresa Brasil de Comunincação (EBC) para temas ligados à África e à América Latina, Sahada Luedy, o produto audiovisual permitiu a interação de diversas áreas dentro da empresa. Para fora, recebeu o apoio da sociedade. A novela foi, inclusive, agraciada com o Prêmio Camélia da Liberdade por movimentos de igualdade racial. "O negro, nem na ficção, tinha o direito de sonhar. É tarefa da televisão pública aumentar a presença do negro nas telas", frisa Sahada ao destacar que ao folhetim traz um outro olhar sobre o continente africano, sem o estigma de exótico e miserável.
Assuntos como violência doméstica, doenças sexualmente transmissíveis, alcoolismo, homofobia e novos modelos familiares também estiveram nos capítulos de Windeck. Exibida sem dublagem, ou seja, com o português falado em Angola, a novela teve um glossário com quase mil palavras e expressões angolanas em sua página no site da TV Brasil (http://tvbrasil.ebc.com.br/novelawindeck). Mais do que trazer a língua, a produção aproximou parte dos brasileiros do outro lado do Atlântico.
Serviço:
Windeck - Todos os Tons de Angola – sábado (2), a partir das 21h30, na TV Brasil.