
MV Bill conta sua trajetória e aborda temas polêmicos no programa Estúdio Móvel desta terça (30), às 18h, na TV Brasil. "Sou otimista por natureza embora enxergue vários aspectos negativos na sociedade", dispara o rapper na descontraída conversa com a apresentadora Liliane Reis.
Direto da Cidade de Deus, onde nasceu, cresceu e mora até hoje, o escritor, cineasta e ativista fala da sua história de vida e resgata episódios da carreira artística. Sem abrir mão das origens, MV Bill revela que tem consciência de sua importância social.
"Já fiz raps que promovem reflexão e divertimento. Por outro lado, também escrevo músicas que tem uma função que eu chamo de 'Tarantino' pois choca, além de estimular o pensamento", sentencia o multiartista que é chamado por muitos de 'a voz da periferia'.
Bem à vontade para discutir a sua experiência marcada pelo hip hop desde a juventude, MV Bill levanta a bandeira da cultura e do engajamento. Também comenta a sua produção musical, os livros que escreveu e até o documentário "Falcão - Meninos do Tráfico".
O rapper é enfático ao defender a construção de um mundo melhor. "Minha missão é ser otimista e acreditar que é possível fazer mais e melhor", frisa.
Esta edição do Estúdio Móvel apresenta trechos de vários clipes do artista. O programa lembra "Marginal Menestrel; "Soldado Morto"; "Emivi"; "Língua de Tamanduá", parceria de MV Bill com Caetano Veloso; e "O Soldado que fica", composição que aborda a pacificação nos morros do Rio de Janeiro.
"Quando eu fiz essa música e pensei no clipe, já sabia que não obteria sucesso radiofônico nem o clipe seria um dos preferidos das emissoras. Apesar disso, tenho consciência do valor que ela tem ao fazer pensar", avalia o músico.
Do início da carreira à inspiração para se manter motivado
Pouco conhecido pelo nome verdadeiro, Alex Pereira Barbosa, MV Bill ingressou no universo da música em 1988, quando começou a escrever sambas-enredo a pedido do pai. Cinco anos depois, fez sua primeira incursão em um disco oficial, na coletânea "Tiro Inicial", obra que reuniu diversos estilos de música. A partir dessa iniciativa, MV Bill decidiu seguir a carreira de rapper.
"A coletânea era formada por seis grupos e lançou Gabriel O Pensador. Sabíamos que um álbum de hip hop no Rio de Janeiro em vinil ainda não proporcionaria estrelato, muito menos grana. Mas era uma forma de inscrever o nome na cena cultural. Essa coletânea ajuda a pontuar uma página importante nessa trajetória", recorda o artista.
Identificado com a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, o rapper foi um dos criadores da Central Única de Favelas (Cufa). MV Bill explica a Liliane Reis como se mantem motivado a lutar pelos seus ideais. "A minha vida me move. Muitos dos meus amigos e contemporâneos já morreram ou são cadáveres ambulantes porque estão vivos, mas é como se estivessem mortos. Sem função social, subempregados, desempregado, no ócio, bêbados, drogados. São poucos da minha geração que podem contar suas histórias. Então quando me olho no espelho e vejo que estou vivo, considero isso motivo de muita inspiração", reflete.
Serviço:
Estúdio Móvel – terça-feira (30) às 18h, na TV Brasil.