O badalado mundo da moda não vive apenas de luxo, glamour e desfiles. A realidade do setor fashion é caótica por trás dos holofotes, das super modelos e de um mercado que movimenta bilhões de dólares. Exploração dos empregados, remuneração baixa e péssimas condições de trabalho são alguns dos exemplos.
O Estúdio Móvel desta quinta (14), às 19h30, na TV Brasil, revela as distorções da indústria da moda e destaca o empenho de profissionais ligados à área que estão há muito tempo trabalhando para mudar a forma como a moda é produzida e consumida. O programa mostra que é possível se vestir bem por vias alternativas. Para explicar essas iniciativas, a apresentadora Liliane Reis conversa com a estilistaGabriela Mazepa e a consultora de moda Eloísa Artuso.
O programa resgata a tragédia do Rana Plaza, prédio em Bangladesh que desabou matando mais de mil pessoas em 24 de abril de 2013. Foi o maior desastre da indústria da moda até hoje. No edifício, eram produzidas peças para o mercado americano, europeu e canadense. Lá, o trabalhador no auge da carreira ganhava em média 12 dólares por semana.
Liliane Reis bate um papo com a estilista Gabriela Mazepa, exemplo de profissional que deseja transformar a consciência em ícone fashion. A designer de moda carioca tem como matéria prima e inspiração o que a indústria da moda considera como lixo. "No início, era um processo muito artístico e pessoal. Estava mais preocupada em traçar essa história da memória afetiva da roupa. Isso se transformou numa marca e conceito de moda", explica.
Além de utilizar sobras de tecidos e aviamentos, ela percorre os brechós da cidade em busca de peças que possam ser reinterpretadas ou mesmo completamente transfiguradas pela sua tesoura e criatividade. A estilista brasileira costura roupas em desuso e transforma resíduos da indústria têxtil em novas peças e coleções.
Para discutir os impactos ecológicos e sociais da moda em todas as suas fases, o Estúdio Móveltambém traz uma entrevista com a consultora de moda Eloísa Artuso. Ela é diretora educacional do Revolution Day no Brasil, um evento global criado a partir do colapso da Rana Plaza e que promove ações em prol da moda ética em 68 países.
Eloísa Artuso também aborda a polêmica da mão de obra análoga à escrava na indústria da moda. "Os países europeus e os Estados Unidos, grandes produtores de artefatos da fast fashion no mundo, buscam nações de economia mais fraca para conseguir produzir por um menor preço justamente porque as leis trabalhistas não muito frágeis ou quase inexistentes", explica a consultora que completa seu pensamento sobre a polêmica.
"Eles consegue produzir por um valor irrisório e fazem com que as pessoas trabalhem grandes cargas horárias, 16 horas por dia e morem no local de trabalho. Essas grandes marcas se aproveitam dessa falta de legislação e fiscalização", afirma a profissional que não poupa nem o Brasil. "A gente fala muito dos países asiáticos pois as condições de trabalho são muito precárias e concentram a grande parte da produção de roupa no mundo. Aqui no Brasil a gente não está livre disso. Também existe muita mão de obra análoga à escrava debaixo do nosso nariz", conclui.
Serviço
Estúdio Móvel – quinta-feira (14), às 19h30, na TV Brasil