Feminismo negro em destaque no bate-papo do Estúdio Móvel desta quinta (21)

Publicado em 20/04/2016 - 16:35
Tema pauta o diálogo da apresentadora Liliane Reis com jovens que defendem a causa

O Estúdio Móvel desta quinta (21), às 19h30, na TV Brasil, aborda o feminismo negro que busca ampliar o papel da mulher negra na sociedade. Para conversar sobre o tema, o programa entrevista a rapper paulista Yzalú e as editoras da revista de moda "Sou Dessas".

A cantora e compositora aponta que ser feminista e negra é mais difícil do que ser feminista e branca, pois além de combater o machismo, é preciso também enfrentar o racismo. Foi com essa bandeira na música "Mulheres Negras" que a artista trouxe muitas pautas e reivindicações políticas a respeito da causa para o Estúdio Móvel.

Yzalú reconhece as conquistas, mas garante que ainda é preciso avançar muito. "Com o advento da tecnologia a gente pode perceber que muitas mulheres negras têm voz. A internet mostra que a maioria delas sobressaem na arte porque na periferia, no gueto, na favela também se produz arte", destaca a rapper.

Recém-lançado em março, "Minha Bossa é Treta", disco de estreia de Yzalú, reúne doze faixas e tem a participação especial de nomes como o rapper Pazsado. Para ela, o álbum tenta expressar os obstáculos para a mulher produzir cultura no Brasil.

"O projeto foi feito com muita verdade. Eu quis colocar bossa para simbolizar minha paixão pelo violão e pela Bossa Nova. Nossa arte é treta: é um pouco mais difícil para a gente, mas não baixamos a cabeça. Seguimos adiante", assegura sobre a importância do protagonismo feminino.

Yzalú também comenta a emoção de trabalhar "Cabeça de Nego", uma composição inédita do rapper Sabotage. Para explorar essa bossa 'marginal' na música, ela utiliza apenas os acordes de violão e a própria voz. "Tive a oportunidade de colocar no violão a poesia do Sabotage. É um desafio grande. Ele foi muito importante não só para nós, amantes do rap, mas para toda a cultura musical brasileira", explica.

"Acho que devemos ter intérpretes do rap na música nacional também. Sempre me questionei porque regravam Chico e Caetano, que eu amo. Também quero regravar o rap. Então 'Cabeça de Nego' vem dessa percepção", afirma Yzalú.

A apresentadora Liliane Reis também conhece a história de cinco jovens de uma comunidade do Rio que resolveram criar uma revista em que pudessem ver 'neguinhas do cabelo enrolado' na capa, pois assim eram chamadas na escola. Foi nessa perspectiva que nasceu a "Sou Dessas", revista de moda, comportamento e cultura que circula nas mãos de jovens de algumas favelas do Rio de Janeiro e também já está nas redes sociais.

Anna Paula Bloch é uma das editoras da publicação. "A gente roda bastante pelo Rio de Janeiro. Nem sempre a moda de uma favela é a mesma da outra, Rocinha, Vidigal, Providência... Buscamos pessoas que estão dentro das favelas e nos mostram o que acontece lá".

O comportamento e a moda das ruas também entra em cena na publicação. Ana Carolina é uma espécie de caça-tendências da Sou Dessas. Ela capta o estilo não está nas páginas das revistas convencionais. "O afropunk é um exemplo. Veio do Brooklyn nos Estados Unidos. Em Madureira vejo muito esse estilo. Tem as meninas que se empoderam, utilizam cabelo afro, enrolado, com tranças, pintados coloridos", conta sobre a moda de Nova York que também já invadiu a Europa.

Serviço
Estúdio Móvel – quinta-feira (21), às 19h30, na TV Brasil

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