Estúdio Móvel traça panorama sobre a animação brasileira com Alê Abreu, diretor de “O Menino e o Mundo”

Publicado em 11/05/2016 - 16:43
Apresentadora Liliane Reis ainda entrevista os cineastas Marcos Magalhães e Aída Queiroz, responsáveis pelo Anima Mundi

O programa Estúdio Móvel apresenta um painel sobre as animações produzidas no país na edição desta quinta (12), às 20h50, na TV Brasil. Para trazer uma perspectiva sob o mercado nacional, a atração entrevista o animador Alê Abreu que dirigiu o longa “O Menino e o Mundo”, indicado ao Oscar de melhor filme de animação no Oscar deste ano. No estúdio, a apresentadora Liliane Reis recebe Marcos Magalhães e Aída Queiroz, fundadores do Anima Mundi, evento que está prestes a completar 25 anos.

Durante o papo, Alê Abreu conta como nasceu “O Menino e o Mundo” que foi realizado com uma equipe reduzida, mas se tornou sucesso de público e de crítica. “No meio de um projeto de documentário, achei o desenho desse menino que eu tinha feito anteriormente, apenas em rabiscos. A sensação que eu tinha é que aquele menino surgiu ali me chamando para entrar para uma outra história”, revela sobre o personagem.

O cineasta explica o seu processo criativo para desenvolver a animação. “Quis me aproximar do menino. Então trouxe um trabalho orgânico para o filme, com canetinha, lápis de cor, aquarela, giz de cera, giz pastel e vários tipos de pintura. Tudo de um modo que normalmente os profissionais não fazem. Como uma criança, com essa liberdade de somar e misturar de uma forma muito livre”, analisa Abreu.

“Mais do que desenhar como uma criança, a ideia era exercitar a liberdade de não se criticar tanto e tentar encontrar um universo próprio. Foi um caminho que o menino me levou”, completa.

Finalista do Oscar na categoria Melhor Animação ao lado de produções de cifras estratosféricas como o vencedor “Divertida Mente”, o filme “O Menino e o Mundo” praticamente não apresenta textos ou diálogos. O longa tem sons incidentais e a elogiada trilha sonora do saudoso Naná Vasconcelos elementos que facilitam a compreensão em qualquer idioma.

“Essas são características da animação. O mérito do Alê foi ter passado isso de um curta para um longa-metragem”, destaca Aída Queiroz. “No próprio Anima Mundi a gente busca este tipo de produção em que a linguagem visual é predominante”, ressalta Marcos Magalhães.

Trajetória do mercado de animação no Brasil

No depoimento para o Estúdio Móvel, o cineasta Alê Abreu destaca a importância do Anima Mundi, Festival Internacional de Animação do Brasil. Criado em 1993, hoje o evento é considerado um dos cinco principais da animação no mundo.

“Todo ano eu saia de lá inspirado. O evento mostra o quanto de possibilidade existe na animação. Você tem a chance de ver filmes de stop motion, pixelation, recorte e areia. Tudo isso é animação. É um campo muito vasto. O Anima Mundi tirou aquele ranço de que a animação é só essa cara de Disney”, afirma o diretor.

Maior festival de animação da América Latina, o Anima Mundi foi fundado por Marcos Magalhães e Aída Queiroz com os também animadores Cesar Coelho e Léa Zagury. “A referência era a Diney. Voltei de um curso no Canadá com a missão de formar animadores no Brasil”, explica Marcos que em 1982 ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes com o curta-metragem de animação “Meow!”.

“Existiam iniciativas isoladas há um quatro de século atrás. A partir da formação com um grupo de animadores, a ideia era trabalhar com técnicas alternativas, baratas e que estivessem ao nosso alcance”, conta Aída Queiroz.

A animadora recorda como foi o início do trabalho. “Criamos o Anima Mundi aproveitando os conhecimentos que tínhamos e os contatos do Marcos. Montamos uma primeira mostra com cerca de 70 filmes em 1993. Uma dimensão singela, numa sala simples no CCBB, mas o público surpreendeu. Foram sete mil participantes o que era muito para aquela época”.

Para Alê Abreu, o crescimento foi significativo. “Eu vi a animação brasileira ser construída por muitos braços, de muitos amigos; um grupo que só foi crescendo. Antes eu conhecia cada um dos profissionais da animação no país. Hoje realmente estamos vivendo um momento de indústria da animação brasileira”, avalia.

Áida Queiroz revela a contribuição do Anima Mundi no estímulo aos novos animadores. “O festival tem um diferencial em relação aos demais. A gente se preocupou com a formação das pessoas em animação desde o início. Colocamos oficinas gratuitas durante o festival para que qualquer interessado do público fizesse sua própria animação com diferentes técnicas: desenho, areia, massinha. Hoje, muitos profissionais que estão na indústria de séries ou logas tiveram contato com o trabalho nesses encontros”.

Serviço:
Estúdio Móvel – quinta-feira (12), às 20h50, na TV Brasil.

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