Série da TV Brasil resgata sucessos do artista e traz bate-papo com parceiros
Representante do gênero samba-rock e conhecido como o Rei dos Bailes, Bebeto compôs várias músicas repletas de suingue. No quarto episódio da série História das Canções, a TV Brasil revela todo o gingado do paulista que adotou o Rio de Janeiro há mais de 30 anos. O programa vai ao ar nesta sexta (31), à meia-noite.
Sucesso na década de 1970, o artista fala do seu estilo musical que voltou a ficar em evidência depois dos anos 2000. Durante a apresentação, Bebeto canta hits como "A beleza é você menina", "Praia e sol", "Salve ela" e "Minha preta". O músico ainda recebe Gabriel Moura e João Sabiá que contam os bastidores de algumas composições e lembram histórias da trajetória do amigo.
Comparado a Jorge Ben Jor durante muitos anos, Bebeto comenta este estigma e afirma que consolidou sua individualidade. "A música é uma história que a gente conta com melodia", define o cantor.
Outro convidado da série é o produtor musical Mazzola que recorda como o homenageado trouxe para a música brasileira o samba-rock, estilo venerado em vários partes do mundo. O especialista destaca que o gênero é difícil de se executar pela particularidade da pegada na guitarra.
Repertório do cantor envolve fatos da vida urbana
Nascido em São Paulo por um acidente do destino, Bebeto mantém uma identificação com o Rio de Janeiro. "Não sou carioca, mas gosto da maneira de ser do carioca". Dessa relação nasceu um dos seus clássicos, "Praia e Sol", que retrata bem a cidade. Mazzola vai além e diz que as músicas do Bebeto reverberam o estado de espírito que o brasileiro em geral vive.
O artista acredita na sua pré-disposição para a música. "Nem sei dizer como comecei a escrever, deve ser dom mesmo". Para ele, o compositor precisa sofrer muito pra criar. Gabriel Moura comenta que ouvia as músicas de Bebeto na sua adolescência e explica como ele o influencia até hoje.
João Sabiá ressalta que o repertório de Bebeto sempre fez parte da sua vida pessoal e profissional. O músico conta o inusitado episódio em que o conheceu pessoalmente sendo surpreendido pela simplicidade do ídolo. Eles cantam juntos "Morte da Sandália de Couro".
As obras de Bebeto trazem a linguagem do cotidiano e abordam situações irreverentes, urbanas e a malandragem, como em "Objeto de Adorno". A canção nasceu de um papo informal entre ele e um parceiro de composição. O cantor relata uma outra curiosidade sobre o sucesso de "Monalisa", que na verdade se chamava "Margarida". Somente depois de trocar o nome a música alavancou.
Relação íntima com o futebol antecede a carreira
Anterior à vida artística, a ligação com o esporte é marcante na vida Bebeto. "Apesar de ser cantor, eu não convivia com artistas, minha vida era no meio do futebol". O músico cita uma camisa que ganhou de Pelé quando gravaram um jingle juntos, não escondendo o entusiasmo ao falar sobre a paixão pelo esporte. Desse forte vinculo nasceu naturalmente a música "Arigatô Flamengo" lançada quando o time do coração ganhou o Mundial de clube no Japão.
O experiente compositor ainda confessa sua despretensiosa incursão pela carreira artística. Sem ter estudado música e sem se considerar músico, foi convidado para acompanhar um ator num show humorístico. Continuou acompanhando-o na televisão, quando foi convidado a tocar em boate, e depois para fazer jingle e não parou mais.
Apesar de ser conhecido como o rei dos bailes, Bebeto afirma que nunca era a atração principal nos eventos. Ele explica que como a sua música era dançante, o som estimulava as pessoas a se movimentarem nas pistas. A partir daí, começaram os boatos de que ele era o rei do suingue, o rei do samba rock. "No início não gostava muito", reconhece o artista, que hoje em dia já recebe o título com gratidão após 39 discos gravados.
O cantor atrai até hoje grandes públicos em seus shows pelo país, inclusive a plateia jovem que redescobriu sua obra pela internet.
Serviço
História das Canções – sexta-feira (31), à meia-noite, na TV Brasil.