Oswaldo Montenegro é o entrevistado do Conversa com Roseann Kennedy

Publicado em 18/12/2017 - 11:26

Com 40 CDs gravados, 15 peças musicais, três filmes e mais de 40 trilhas sonoras para cinema, teatro e TV, o poeta, cantor e compositor Oswaldo Montenegro circula por várias vertentes da arte. Imortalizado por sucessos como “Bandolins”, “Agonia”, “Léo e Bia” e “Lua e Flor”, o “trovador contemporâneo” atualmente se dedica ao audiovisual, escreve e dirige longas-metragens.

Neste bate papo, ele fala de seus sentimentos, afetos e paixões pela música, arte, família, amigos e pelo audiovisual, sua mais recente descoberta. Oswaldo tem feito séries, clips, DVD's e filmes. Dentre eles, “Solidões”, “Léo e Bia” e o “O perfume da memória”. Este último, com reconhecimento internacional, premiado no “Open World Toronto Film Festival” (Melhor Som e Música) e no “California Film Awards” (Melhor Filme Estrangeiro).

O longa “O perfume da memória”, é narrado pelo próprio Montenegro e põe o telespectador como voyer do romance entre duas mulheres. Para ele, a obra trata de sentimentos e escolhas. “Ainda hoje afetos são desfeitos porque as pessoas pensam diferente. Então a gente colocou isso numa história de amor. Essa é a ideia base do filme, duas mulheres que se apaixonam fortemente, cada uma com o seu temperamento e com uma filosofia de vida que entra em choque. E aí o que acontece? O sentimento ganha, ou ganha a crença?”. O drama trata de um dilema, onde cada lado tem a sua razão. Sobre isso, o diretor completa:“A gente tem essa tendência de onipotência, de querer tudo. E ao mesmo tempo que tem o privilégio de poder escolher, a gente tem esse drama, de ser obrigado a escolher”.

Carioca, de 61 anos, Oswaldo Montenegro mantém a barba e os cabelos longos, hoje já grisalhos. Mas quando se trata de seu potencial criativo, conserva no espírito a inquietude da juventude. “Eu sou a pessoa menos zen que eu conheço. Eu conheço alegria, tristeza, emoção, mas eu não conheço a calma. Paz pra mim é uma palavra que eu já ouvi falar... Nunca senti isso. Não sei nem do que se trata. Se eu ficar 4 minutos meditando, com certeza eu vou me atirar pela janela. E bastam dois dias de férias para que eu queira literalmente me matar. Não é um exagero. Eu preciso fazer arte o tempo todo”.

E quando se trata da criação multimídia, o artista analisa as inúmeras possibilidades de produção. Para ele, a relação que existia entre a música e as pessoas mudou. “Eu acho que hoje em dia a música ela é trilha. Eu acho que a canção é uma coisa do século XX em que nós éramos garotos que ouvíamos o disco inteiro e a música bastava pra gente. Hoje em dia as pessoas veem música. Ela está atrelada a circunstância de um filme, de uma novela, de uma personalidade, de um cantor, de um brinquedo, da internet... E as fronteiras das artes estão cada vez mais dissipadas. E eu quero brincar disso”.

Quando se trata de afetividade, o compositor se orgulha das relações que construiu durante a sua vida. “Eu sou um apegado. Eu tenho os mesmos amigos há 50 anos, eu tenho um apego muito grande à minha família e ao mesmo tempo passei a minha vida na estrada. Então essa é uma dor que dói sempre. Eu tenho a euforia de mudar todo dia, mas ao mesmo tempo, sou um conservador afetivo”.

Ao ser questionado sobre a música preferida de sua trajetória como músico, Oswaldo não hesita: “Por Brilho” é a música mais importante da minha vida. Disparado. Não tem 2º lugar, porque é a melhor coisa da amizade com Madalena Sales.” A obra é uma justa homenagem à flautista que é ex- companheira do cantor, considerada grande amiga e irmã e atual parceira de seus projetos. Por outro lado, Montenegro não se furta às próprias críticas. “Tem músicas que eu não gosto. Algumas que eu fiz para trilhas e que estavam adequadas para as circunstâncias daquelas trilhas e quando elas são tocadas fora do contexto, eu não tenho muito agrado. E tem músicas que são ruins porque são ruins mesmo”.

E se o sucesso de um artista se mede pelo número de elogios que recebe, OswaldoMontenegro não parece dar muita importância às críticas alheias. “Todo mundo tem um egoe uma vaidade muito fortes. A minha vaidade ela é humana, ela é no afeto. Eu não tenho essa vaidade do glamour, da arte. Mas eu tenho muita vaidade. Eu acho que eu sou um pai maneiro, acho que eu sou um filho legal, acho que eu amo meus irmãos, acho que eu tenho essa carga muito forte. Se eu lanço uma arte, alguém não gosta, eu lido muito bem com isso”.

E se esse temperamento autêntico e espontâneo já lhe rendeu críticas, quando se trata de viver entre o dilema de ser amado ou odiado, Oswaldo dá um recado: “Adoro isso. Mas na parte pessoal eu sou metido. Eu não admito que alguém me critique nessa área. É ali que tá o meu ego”.

Serviço

Conversa com Roseann Kennedy - segunda-feira, dia 18, às 21h30, na TV Brasil 

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