Rappers conversam com Raphael Montes sobre as batalhas de poesia falada
Competições de poesia, com rima, ritmo, política e crítica social, os slams nasceram na periferia e ganham destaque no programa Trilha de Letras desta terça (10), às 21h15, na TV Brasil. Para explicar a dinâmica desses eventos, o apresentador Raphael Montes recebe os poetas e rappers Carol da Farra e W Black.
Os convidados diferenciam um sarau de poesia tradicional do slam: a disputa. "O foco do slam é a competição das poesias faladas com performance. Valoriza-se o uso do corpo e a entonação de voz, critérios que o diferencial do sarau. O slam desafia o artista a se expressar para envolver as pessoas que estão assistindo", comenta W Black.
Carol da Farra destaca a importância da mensagem. "Apesar da performance, o importante mesmo é a poesia. O slam é uma batalha de poesia em que o poeta tem três minutos para apresentar um poema autoral. Depois um dos jurados escolhido na hora dá uma nota de zero a dez. São três etapas. O ideal é ter três poesias autorais decoradas, mas podem ser lidas também", detalha Carol da Farra.
O surgimento do slam e sua vinda para o país também são abordados na conversa. "Tem uma ideia inerente ao slam, desde sua chegada ao Brasil com a Roberta Estrela D'Alva, que a cada momento você pode impactar de forma diferente uma pessoa", reflete W Black.
O rapper conta que a iniciativa remete ao auge da cultura hip hop dos Estados Unidos nos anos 1990. "O hip hop começou com as batalhas de poesia, com o grafite, o brake. O slam surgiu um pouco depois com a ideia de priorizar a poesia que o rapl já valorizava no âmbito do ritmo e poesia".
Carol da Farra comenta o desconforto causado na sociedade pela forma e conteúdo dos textos dessas batalhas. "A gente levanta vários temas, mas o diferencial é a forma como a gente aborda. Se o racismo e a homofobia são violentas, nosso poema vai passar esse realismo. Isso incomoda as pessoas".
Os convidados revelam para Raphael Montes que é comum depois dos slam as pessoas virem a eles perguntar o signficado da frase de uma das poesias. "Acaba o slam e a gente fica ali trocando ideia sobre o que foi dito", afirma Carol da Farra.
Essa edição do Trilha de Letras também apresenta a poesia da Gabz, a jovem Gabrielly Nunes, no quadro "Dando a Letra", Com apenas 18 anos, a atriz e cantora da periferia carioca venceu o Slam Grito Filmes em outubro do ano passado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.
A artista, que bateu os poetas concorrentes com uma atuação firme, começou a participar desse espaço poucas semanas antes do evento. A menina sempre escreveu poesias, mas tinha receio de mostrá-las na cena por causa da temática pessoal de sua experiência como mulher negra da periferia.
O programa da TV Brasil ainda traz o depoimento do poeta Wesley de Jesus. No quadro "Leituras com Katy", a jornalista Katy Navarro fala sobre o livro "O amor não nasce em muros", do poeta Paulo Emílio Azevedo.
Serviço:
Trilha de Letras – terça-feira (10), às 21h15, na TV Brasil.
Trilha de Letras – terça-feira (11), às 6h, na TV Brasil.