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Exposição de rádios no aniversário da Rádio Nacional da Amazônia

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Análise da produção radiofônica revela aspectos sociais

Criado em 15/11/13 15h41 e atualizado em 15/11/13 15h47
Por Agência USP

É possível analisar a música brasileira por meio de programas radiofônicos e não somente por discos gravados. Além disso, o conteúdo veiculado em rádios permite uma análise menos subjetiva do material e possibilita maior entendimento da sociedade na época estudada. Esta foi uma comprovação feita pelo músico Theophilo Augusto Pinto, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Em sua pesquisa de doutorado, ele reuniu e analisou cópias de gravações de programas transmitidos nas rádios Nacional e Tupi, ambas do Rio de Janeiro, entre 1946 e 1956, período conhecido como “Era de Ouro” do rádio.

O objetivo foi trazer para debate e conhecimento geral a produção da época. “Trata-se de um material rico, porém pouco estudado”, afirma. Enfatizar a atividade do músico no seu cotidiano ao invés de valorizar apenas alguns intérpretes que tiveram mais notoriedade ou sucesso foi o caminho utilizado pelo músico, que também mostrou que a gravação de programas radiofônicos era tão útil quanto uma gravação fonográfica.

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A Era de Ouro tem como característica estar entre dois períodos fartamente estudados, quando se refere à música. O período é conhecido assim devido à importância e prestígio do rádio como veículo de comunicação. De um lado encontra-se o estudo do samba (exaltação e do malandro) e do outro muito se fala da bossa nova e de canções engajadas com a liberdade de expressão e fim da ditadura militar brasileira (1964 – 1985). Segundo o pesquisador, a história do rádio é contada por “Pixinguinha, Noel Rosa, Lamartine e outros mais, até chegar no samba-exaltação e Ary Barroso, por volta de 1945. Depois disso, pouca coisa interessante teria acontecido até que chegou a Bossa Nova, depois a música de protesto, a tropicália, etc. Isto é, pula-se mais de uma década, que ficou lembrada apenas pelas rainhas do rádio, o Cauby e pouco mais”, relata.

Multiplicidade musical

Esse fato representa uma descontinuidade historiográfica. Diversas categorias musicais eram apresentadas neste período, representando a sociedade por meio da visão dos envolvidos no ofício radiofônico, o que justifica a importância do estudo dos aspectos dessa produção e o que eles têm a dizer. A ditadura Varguista havia acabado há pouco e havia uma multiplicidade musical que preocupava os críticos quanto ao futuro da música brasileira, algo que ainda pode-se perceber na sociedade atual. Para o Augusto Pinto, entender o que aconteceu no passado pode ajudar a entender a razão do reaparecimento de alguns debates e fornecer respaldo para reformulá-los de modo a acrescentar algo construtivo para a sociedade.

Para a realização do estudo a documentação, que estava em fitas cassete, foi digitalizada e organizada. Conforme o interesse do autor e a bibliografia estudada, alguns programas foram transcritos. A análise foi feita, principalmente, sob três aspectos: a memória, a representação da negritude e a ameaça da cultura estrangeira. Com orientação do professor Elias Thomé Saliba, a tese Gente que brilha quando os maestros se encontram: música e músicos da ‘Era do Ouro’ do rádio brasileiro (1945-1957) traz o resultado dessa análise.

“Como resultado, o que destacaria primeiramente é o fato de verificar ser possível e interessante uma análise da música brasileira feita a partir de programas de rádio e não de discos, como é mais comum. Nos programas, não havia apenas um conteúdo musical, essencialmente subjetivo” explica. Segundo ele, a oralidade dos locutores permite uma análise menos subjetiva do conteúdo.

“A escuta desses programas antigos me aproximou desse fazer musical e me fez acreditar que o grande desafio naquele lugar e hora não era exatamente o nacionalismo ou uma tradição, e sim fazer o melhor tipo de música possível com as condições que se tinha. E isso era muito”, conclui.

Creative Commons - CC BY 3.0

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