Trajetória do programa Viva Maria está sendo resgatada na Rádio Nacional

A radialista Mara Mara Régia di Perna lança campanha pra resgatar a trajetória do programa Viva Maria. A proposta começou em 30 de junho de 2011, na véspera da comemoração dos 53 anos da Rádio Nacional de Brasília e foi oficializada em 1º de julho, quando a radialista abriu os microfones para a participação e o depoimento dos ouvintes, “queremos refazer a linha da vida desse nosso programa a partir das falas das pessoas que estiveram em sintonia à proposta desse nosso programa ao longo desses 30 anos”, contou Mara Régia.


Trajetória do “Viva Maria”: a estréia

O programa Viva Maria, entrou no ar em 14 de setembro de 1981, após dois comentaristas esportivos terem brigado no ar e serem demitidos. Mara Régia trabalhava como produtora na Rádio Nacional de Brasília desde 1979 e acabava de voltar de licença-maternidade, quando recebeu o convite para ocupar o horário. O perfil da atração era mais a menos, mas não demorou muito para que Mara começasse a imprimir seu estilo ao falar para o público do campo e da cidade, levando noções de emancipação e sensibilização para a causa feminina.

Prova da importância do programa para as mulheres está no depoimento de Maria Almeida de 1987, em entrevista concedida, á Deográcia Pinto, na época estreante na profissão de repórter Maria Almeida conta que sentia vergonha do nome antes do Viva Maria.

O Viva Maria teve momentos de luta ao abrir o microfone para os movimentos de mulheres que se fortaleceram com a criação do Fórum de Mulheres do Distrito Federal. Ainda durante a “ressaca” do regime militar, durante o período de redemocratização o Viva Maria encampou lutas, como pela criação da primeira delegacia de Atendimento da Mulher da capital federal, desencadeada pelo Caso Taís, estudante morta a facadas no Campus da Universidade de Brasília, em 1987, e cujo namorado Marcelo Bauer foi apontado como principal suspeito.

Essa fase do programa foi recordada pela radialista no ultimo dia 02 de julho, ao conversar com a ouvinte Joana de Jesus Oliveira (a Jô), de Brasília.

Das lutas a censura no governo Collor

Mara Régia di Perna, apresentadora do Viva Maria (Foto: Arquivo Pessoal)

O programa fez campanha por amamentação, pela infância e juventude e fez o Lobby do Batom na Constituinte de 1988. Mesmo admirada por muitos Mara não conseguia agradar a todos, como os maridos que se revoltavam com as idéias da radialista e chegavam a fazer fila na porta da Rádio Nacional. Em maio de 1990, o primeiro presidente eleito pelo voto direto, Fernando Collor de Mello identifica Mara como uma “liderança negativa” e através de um telegrama a demite e proíbe a radialista de entrar na emissora, até então uma emissora estatal.

Em protesto a decisão de Collor, as mulheres latinas elegem o 14 de setembro, data de estréia do programa, como o dia da imagem da mulher nos meios de comunicação. Em 1994, com o fim do governo Collor, o programa voltou a ser transmitido e permaneceu no ar por mais dois anos.

Nova fase do programa

Em 15 de julho de 2004, o Viva Maria voltou a ser apresentado na forma de programete, ou seja, com curta duração. Vai ao ar de segunda a sexta-feira, em diferentes horários, pela Rádio Nacional da Amazônia, pela Rádio Nacional de Brasília, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, pela Rádio Nacional do Alto Solimões e recentemente o programa passou a ser transmitido pela União FM 104, de União FM 104, de Xinguara, do Pará.

O programa também está disponível na internet, podendo ser ouvido em qualquer momento e até mesmo ser retransmitido por emissoras de todo o país. Um dos momentos mais marcantes vivido pelo programa nessa nova fase foi o anuncio da criação da Lei Maria da Penha.

Nesse contexto, o Viva Maria passou a ser um canal de conscientização das mulheres para fazer valer a lei 1.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006. É o que atesta o depoimento das ouvintes que diariamente chegam à produção do programa.

Até 1º de agosto, o projeto Resgate da Memória do Viva Maria pretende refazer a trajetória do programa, " que resultara na realização de um documentário que possa inspirar e mobilizar milhares de mulheres na luta por seus direitos!", conta Mara Régia, completando que "a campanha vai promover o resgate da memória e deseja ainda reatar as relações de amizade que foram construídas nessa linha do tempo” . Para gravar um depoimento de agradecimento e ajudar na resgate da trajetória do programa é só entrar em contato com a produção do programa, pela central do ouvinte pelo: (61) 3799-5368 ou 3799-5369, enviar e-mail para: centraldoouvinte@ebc.com.br ou ainda escrever uma carta para: Caixa Postal 258, CEP: 70359-970, Programa “Viva Maria”.

Fonte: Na Trilha do Rádio.