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Imagem: Foto: Ricardo Cassiano/ Prefeitura do Rio de Janeiro

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Tocha Paralímpica: condutores se emocionam nos quilômetros finais de revezamento

Criado em 07/09/16 17h20 e atualizado em 07/09/16 19h34
Por Nathália Mendes- Enviada especial do Portal EBC Edição:Líria Jade Fonte:Portal EBC

Depois de passar por Brasília, Belém, Natal, São Paulo e Joinville, os últimos quilômetros do percurso de rua da tocha paralímpica refletiram um pouco da alma carioca. Em dia de sol forte, calor e praia, a chama dos Jogos Paralímpicos percorreu, pela tarde, cerca de sete quilômetros ao longo da orla, partindo do Leblon e chegando no Leme. Mais cedo, o revezamento cruzou as ruas do Recreio dos Bandeirantes e da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade, reunindo nomes como o cantor Herbert Vianna, o ex-jogador de futebol Romário e sua filha Ivy e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. Foram 185 condutores, entre pessoas e atletas com deficiência, integrantes do movimento paralímpico, representantes de entidades de apoio a deficientes, celebridades e artistas.

A chegada do comboio no mirante do Leblon, por volta de 12h30, foi a deixa para que banhistas trocassem o mar e a areia da praia para acompanhar de perto a passagem do fogo, em seu segundo dia de peregrinação pela cidade-sede. Muita gente aproveitou a chance para tirar fotos com os condutores e a tocha. Nascido no Rio de Janeiro, filho de gregos e residente nos Estados Unidos, o empresário Constantine Zografopoulos, que perdeu as duas pernas em um acidente de carro, revisitou sua história com o maior símbolo do olimpismo.

Zografopoulos foi um dos escolhidos para levar a tocha olímpica dos Jogos de Atenas, em 2004. Ele conduziu o fogo no trecho norte-americano do percurso, que incluiu 26 países em um giro pelo mundo.

“Foi algo de grande importância na minha vida. Quando o fogo chega para você, e você o levanta bem alto, o sentimento é único. Como se eu fosse a única pessoa do mundo. É muito emocionante estar aqui de novo”, lembra.

A quarta-feira também marcaria o reencontro do empresário, que veio de Chicago para assistir as competições, com um dos estádios mais icônicos do esporte mundial: “Quando eu era pequeno, eu me lembro de ir ao Maracanã. Então vai ser ótimo voltar lá hoje para ver a cerimônia de abertura”.

Tânia Athayde, presidente da sede carioca da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), abriu o revezamento no Leblon.

“É uma emoção única. Foram poucos metros, mas para mim, foi como se tivesse sido uma maratona de 42 quilômetros. Estou representando todas as Apaes do país, isso aqui é para todas elas”, vibrou.

Dina Novais empurrou a cadeira de rodas da filha Laura durante todos os metros percorridos por Rosângela Chacon, fundadora e presidenta da Obra Social Dona Meca. A pequena, que tem microcefalia e paralisia cerebral, é assistida pela organização não-governamental, referência no tratamento de crianças carentes que tenham algum tipo de deficiência, desde que era bebê. “A gente tinha que vir aqui e seguir todos os passos da Rosângela, que é mais que merecedora. Ela corre atrás de muita coisa para a gente. Hoje foi a nossa vez de correr atrás dela”, diverte-se, entre uma pausa para tomar fôlego.

O maestro João Carlos Martins, conhecido por ser um dos maiores pianistas do mundo e apontado como o grande intérprete de Bach, mal conseguiu falar depois de conduzir a tocha olímpica. Um dos condutores mais aclamados pelo público, Martins, que se tornou maestro após ter os movimentos das mãos comprometidos, será o responsável pela execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos. 

“Este é um dos momentos mais importantes da minha vida. Tenho certeza que é algo que guardarei na minha memória até o apagar das luzes”, afirmou, com a voz embargada.

Uma das figuras que chamou a atenção foi o ator de rua Francisco Saraiva, mais conhecido como Lion. Aos 63 anos, ele seguiu metade do percurso em cima de um skate, e fazendo embaixadinhas. “Vim aqui para homenagear nossos atletas paralímpicos”, conta. Embaixadora dos Jogos Paralímpicos, a atriz Cleo Pires chegou a beijar a tocha. “Quero que os atletas sigam nos inspirando. Eles são uma força da natureza. Queria ter metade da motivação que eles tem para estarem sempre se superando”, elogiou.

Coube ao nadador Thiago Pompeu, de 33 anos, encerrar a peregrinação da tocha paralímpica. O último condutor, que tem síndrome de Down, foi ovacionado e participou do coro entoado pelos membros da Força Nacional, que cantaram, a plenos pulmões, a canção elevada à hino do revezamento da tocha: “A vida do viajante”, de Luiz Gonzaga. No fim, a equipe celebrou o fato de que "ninguém apagaria mais" o fogo que carrega o simbolismo paralímpico.

Durante as passadas finais, Thiago chamou a atenção para a inclusão de pessoas com síndrome de Down nas competições dos Jogos Paralímpicos. Ele, que começou a nadar aos três anos, por indicação de seu pediatra para combater crises de pneumonia, já foi campeão mundial nos 200m borboleta e agora compete em provas locais e nacionais de longa distância. “Estou muito feliz e muito emocionado. Eu pensei no Brasil inteiro enquanto levava a tocha”, afirmou.

A chama paralímpica agora só volta a ser vista mais tarde, no Maracanã, quando será trasladada até a pira posicionada no setor leste do estádio. Os organizadores mantém o nome da pessoa encarregada de acender a pira paralímpica em segredo. A cerimônia de abertura está marcada para começar às 18h15.

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