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Beppe Grillo descarta qualquer aliança para viabilizar governo na Itália
Criado em 27/02/13 16h38
e atualizado em 27/02/13 17h14
Por Leandro Melito - Portal EBC*
O Movimento 5 Estrelas, que conquistou um quarto dos votos nas eleições legislativas italianas, não vai viabilizar nenhum governo, seja de esquerda ou de direita, anunciou nesta quarta-feira (27) por meio de seu blog o líder do partido Beppe Grillo.
"O M5E não dará o seu voto de confiança nem ao Partido Democrata (centro-esquerda) nem aos outros, votará a favor das leis que reflitam o seu programa, seja quem for que as proponha", afirmou o ator comediante que lidera o movimento que conquistou 109 deputados na câmara baixa do parlamento e 54 membros do Senado, a câmara alta
As declarações de Grillo respondem a uma das hipóteses levantadas para tirar a Itália do impasse, após o resultado das eleições legislativas de domingo e segunda-feira. A solução apontada seria um governo de esquerda maioritário liderado pelo Partido Democrata na Câmara dos Deputados e minoritário no Senado, mas com acordos pontuais com o M5E.
O modelo vigora na Sicília, onde o M5E apoia pontualmente o Governo de centro-esquerda do governador Rosario Crocetta, que já havia afirmado que o diálogo com o M5E é possível e sua administração funciona assim desde que ganhou as eleições em novembro passado.
Durante a campanha grilo atacou a classe política do país e afirmou que não faria parcerias com ninguém e propôs como chefe de Estado o premio Nobel de Litera Dario Fo. "Veremos o que propõe Bersani, lei a lei, reforma a reforma. Não estamos contra o mundo" foram as afirmações de Grillo aos meios de comunicação nesta terça-feira (26).
Propostas
Em sua primeira aparição após as eleições Bersani reconheceu nesta terça-feira (26) que apesar de terem sido os mais votados não ganharam as eleições e abriu uma porta a Grillo, considerando que o líder do movimento antipolítica e seu partido “devem assumir a responsabilidade” e dizer “o que querem fazer para esse país”. Beppe Grillo acusou o líder do PD, Pier Luigi Bersani, de "assediar politicamente" o M5E com "propostas indecentes em vez de se demitir, como faria qualquer pessoa no seu lugar".Na terça-feira, Bersani apelou ao M5E para que se defina e diga "o que quer para o país".
Bersani apresentou um programa que poderia ser compartilhado por Grillo. Os pontos são reformas institucionais, reforma política, lei sobre partidos políticos e moralidade pública e privada, além de um programa para mudar algumas leis, como a lei eleitoral, para a convocação de novas eleições.
Grillo frisou que se Bersani quiser propor no parlamento o fim do financiamento público aos partidos políticos ou a introdução de uma "renda de cidadania", uma ajuda pública para pessoas desfavorecidas, o seu movimento apoiará estas medidas. A centro-esquerda tem a maioria dos Deputados, mas não conseguiu número necessário de Parlamentares para controlar o Senado. Após rechaçar qualquer tipo de aliança com Berlusconi, a única saída para Bersani é fechar um acordo com Grillo, já que o apoio dos senadores do partido de Mario Monti não bastariam.
"Nos últimos 20 anos, o PD governou durante 10 e no último ano e meio até fez parte de um "super-governo" com o PDL (de Silvio Berlusconi), votando todas as porcarias de Rigor Montis", afirmou Grillo, referindo-se a Mario Monti, o primeiro-ministro tecnocrata.
Durante os próximos dias será realizada a formação das Câmaras e a eleição dos presidentes de forma a constituir os grupos parlamentares. No dia 21 de março o presidente da República, Giorgio Napolitano, começará as consultas com os representantes políticos para determinar a formação do Governo.
*Com informações das agências públicas de Portugal, Lusa, e da Argentina, Télam
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