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Parentes de Amarildo entram para programa de proteção a testemunhas
Criado em 24/07/13 16h06
e atualizado em 24/07/13 16h22
Por Flávia Villela
Edição:Nádia Franco
Fonte:Agência Brasil [2]
Rio de Janeiro – Os parentes do pedreiro Amarildo de Souza, morador da Favela da Rocinha, que desapareceu há dez dias [3], depois de ser levado por policiais para uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, entram hoje (24) no programa de proteção a testemunhas. A decisão foi tomada pelo governador Sérgio Cabral, que recebeu, nesta manhã, na sede do governo, parentes do pedreiro.
Cabral não quis dar entrevista, mas, segundo o secretário de Assistência Social, Zaqueu Teixeira, colocou à disposição da família toda a estrutura do estado para as buscas de Amarildo, que tem 42 anos. “[Isso] significa a possibilidade de a família sair da comunidade nos próximos dias e garante a proteção do estado para que seus membros cheguem aonde queiram, sem sofrer algum tipo de repressão ou coação”, explicou Teixeira.
A mulher de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, não acredita que o marido esteja vivo e disse que tem medo de continuar na Rocinha. “Tenho certeza de que meu marido está morto. Já procuramos em todos os lugares, e nada. Não recebi nenhuma ameaça, mas estou com medo de que, quando a poeira baixar, os policiais possam fazer uma maldade contra mim e minha família”, disse ela. O filhos de Elizabete porém, não querem sair da Rocinha, e ela tem medo até de sair para comprar pão. "Não estou dormindo nem na minha casa, com medo de chegar à noite e me matarem”, desabafou.
Michelle Lacerda, sobrinha do pedreiro, informou que a mulher e os seis filhos de Amarildo estão se alimentando com a ajuda da irmã dele.
De acordo com Elizaberte, policiais já cometeram violações contra outros moradores da comunidade, que não foram divulgadas. “Já fizeram mal para outras pessoas, e ninguém abriu a boca, mas meu marido é inocente e trabalhador, então eu tive que abrir a boca, porque meu marido trabalha com carteira assinada,” afirmou Elizabete. “Ele voltava de uma pescaria, não consigo entender.”
A 15ª Delegacia de Polícia, que está investigando o caso, informou que os policiais que detiveram o pedreiro informaram que o haviam confundido com um traficante e levado para averiguação, mas que, logo depois, ele foi liberado. Amarildo não foi mais visto desde então. Entretanto, Elizabeth disse que o marido nasceu e se criou na comunidade e que todos o conheciam, inclusive policiais da UPP. “A gente os conhecia, dávamos bom dia, boa tarde. Eles [policiais] sempre passavam na minha porta, viam meu marido.”
Edição: Nádia Franco
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