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Crise econômica na Europa força nova fase de emigração de portugueses

Criado em 22/03/13 09h21 e atualizado em 22/03/13 09h44
Por Gilberto Costa Edição:Denise Griesinger Fonte:Correspondente da Agência Brasil/EBC [2]

Desembarque de malas pode ser acompanhado por câmeras e monitores
Há também correntes migratórias para Angola, Brasil e Moçambique; países falantes do idioma português.(spstateairnews.blogspot.com.br)

Lisboa – A crise econômica internacional que afeta especialmente os países do sul da Europa está incentivando a emigração portuguesa. Os principais destinos são os países do norte da Europa menos afetados pela crise, como Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo. Há também correntes migratórias para Angola, Brasil e Moçambique; países falantes do idioma português.

A diáspora portuguesa não ocorre pela primeira vez na história. Portugal, sendo um pequeno país, ex-império colonial e tendo uma população reconhecida pela capacidade de adaptação cultural, há muitos anos é tido como um país de emigrantes – inclusive para o Brasil. Conforme estatística aceita por especialistas, há cerca de cinco milhões de lusitanos e seus descendentes diretos vivendo mundo afora. Desses, cerca de 2,3 milhões são nascidos em Portugal – número que se aproxima de um quarto da população residente no país (10,2 milhões).

De acordo com a socióloga Filipa Pinho, coordenadora da equipe técnica do Observatório da Emigração [3] do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), o que diferencia os processos de emigração no século 21 é que “há mais liberdade de circulação, intercomunicação e aproximação de fronteiras”.

A internet favorece que as pessoas que queiram emigrar acionem redes locais de apoio e solidariedade no país de destino, além de disponibilizar informações instantâneas e a chance de pesquisar emprego e oportunidades de negócio. Esse é o caso de Bruno Carvalho, solteiro com 30 anos, que pensa em emigrar para algum país asiático e lá abrir um pequeno negócio como padaria ou doceria. Ele não descarta ir para o Brasil, mas teme a violência, lembra do custo de vida e desconfia de como será o futuro da economia brasileira após os Jogos Olímpicos de 2016; “não vejo que haja de fato bom desempenho econômico”, disse à Agência Brasil.

A principal razão para Bruno planejar a vida fora de Portugal é 'a falta de perspectiva' em seu país e o desejo de viver em lugares de outra cultura. Apesar de estar empregado como caixa de uma rede de supermercados em meio período, Bruno avalia ter potencial e tempo para outras atividades – antes da crise tinha dois empregos. A outra atividade, da qual foi demitido em outubro do ano passado, era de assistente de escala na pista do Aeroporto de Lisboa.

A emigração de pessoas jovens como Bruno Carvalho poderá ter efeito grave no futuro de Portugal, cuja população envelhece acentuadamente pondo em risco o sistema de seguridade social. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, órgão português equivalente ao IBGE, na última década a população do país só cresceu em 200 mil habitantes – especialmente imigrantes, dos quais 77 mil eram brasileiros. O número de filhos por mulher portuguesa caiu de 1,56, em 1990, para 1,36, em 2010. No Brasil a taxa era de 1,9 filho por mulher, em 2010.

Por ora, a emigração tem garantido mais divisas ao país. Nos últimos anos, cresceu o saldo positivo das transações (envio e recebimento de euros) com Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo; assim como com Angola. No caso do Brasil, os dados coletados pelo Observatório da Emigração ainda registram fluxo monetário favorável ao Brasil [4] por causa da colonia de 111 mil habitantes residentes em Portugal.

De 2008 para 2011, a entrada oficial de portugueses no Brasil passou de 482 pessoas ao ano, para 1.564. O registro consular português contabiliza que a população lusitana entre os brasileiros cresceu de 384 mil para mais de 425 mil. O registro, no entanto, não é obrigatório e o dado pode incluir descendentes nascidos no Brasil e pessoas que se registraram muito tempo depois de emigrarem.

Entre os portugueses, há quem ache vantajosa a emigração para o Brasil, mas há quem reclame do mercado de trabalho ser de difícil acesso, como é o caso dos engenheiros que não conseguem registro para trabalhar [5]. Para contornar essa situação, nesta quinta-feira (21), a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (Crup) assinaram, em Brasília, um memorando de entendimento para agilizar os processos de reconhecimento, revalidação e equivalência de graus e títulos acadêmicos.

Edição: Denise Griesinger

Creative Commons - CC BY 3.0

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