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Neve na localidade de Moteng Pass, no distrito de Mokhotlong, em Lesoto.

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Lesoto tenta se recuperar de caos econômico

Criado em 05/12/12 14h38 e atualizado em 05/12/12 15h30
Por Emerson Penha Edição:Denise Griesinger Fonte:Correspondente da EBC na África

Lesoto
Neve na localidade de Moteng Pass, no distrito de Mokhotlong, em Lesoto. (Jacovt / Creative Commons)

Maseru, Lesoto – Para quem pensa na África como um continente quente, cheio de florestas e animais selvagens, o Lesoto é uma surpresa. O país é cercado por enormes montanhas e o clima é muito frio. A neve cai durante seis meses do ano. O pequeno território (mais ou menos do tamanho do estado de Sergipe) é um enclave, cercado em toda extensão de sua fronteira, pela África do Sul. No Lesoto vive o povo Basuto, gente acostumada a viver em condições extremas de temperatura e muita pobreza, em contraste com a bela paisagem natural.

O país é chamado regionalmente de “teto da África” e de “reino nos céus”, por ter todo o seu território acima dos mil metros de altitude. Ao trafegar pelas estradas sinuosas do Lesoto, em muitos pontos o viajante estará acima dos três mil metros. As enormes montanhas, na antiguidade, serviam como uma muralha natural que defendia os basutos do ataque de outros povos, como os zulus e os bantos.

No século XIX, em plena expansão dos bôers (como eram chamados os colonizadores holandeses), o rei Moshoshoe I firmou um acordo com os britânicos, e o país passou a ser um protetorado inglês – a Basutolândia. Nos anos 1960, na onda de independência das colônias africanas, o Lesoto também se tornou uma nação autônoma. No entanto, nunca conseguiu se sustentar e depende de doações de países europeus e da ajuda da vizinha África do Sul para continuar a existir.

Atualmente, os dois milhões de basutos têm um jovem rei, Letsie III, descendente direto do velho Moshoeshoe. Ele tem a enorme responsabilidade de tornar viável a vida no Lesoto. Dois terços dos habitantes passam fome e um, em cada três, é portador do vírus HIV.

Entre 1989 e 2004, o país viveu um bom momento econômico: os Estados Unidos concederam uma série de incentivos para a importação de produtos da África Subsaariana, e os basutos, que sempre tiveram tradição em tecelagem, rapidamente passaram a produzir tecidos e roupas. Cinquenta mil mulheres estavam empregadas no setor têxtil. Mas os chineses inundaram o mercado com sua produção rápida e barata, e o produto do Lesoto deixou de ser competitivo.

Sem nenhuma outra indústria de expressão, o país quebrou; parou de honrar compromissos internos e externos, salários de funcionários públicos deixaram de ser pagos e o colapso econômico levou quase todos à fome. A situação econômica ficou ainda pior neste ano: as enchentes arrasaram a frágil agricultura local. Pontes rurais caíram, animais se perderam e a quebra na safra de grãos chegou a oitenta por cento.

O Lesoto é grande produtor de diamantes, mas a atividade emprega pouca gente e quase não paga impostos. Outra riqueza mineral abundante, no entanto, pode ser a redenção econômica do pequeno país: a água. O governo busca investidores externos, para implantar um projeto de construção de barragens e canais para exportar água para a África do Sul, que já tem problemas sérios de abastecimento em suas metrópoles.

Mas é o turismo a indústria que mais entusiasma o Lesoto. As trilhas nas montanhas nevadas e seus abismos impressionantes atraem os aventureiros e seus veículos com tração 4x4. E, no único lugar em que se pode esquiar na África, os resorts já começam a aparecer. A esperança é que, aos poucos, o mundo comece a descobrir o pequeno reino, suas belezas naturais e seu povo musical e alegre, apesar das dificuldades em se viver por aqui.

Edição: Denise Griesinger

Creative Commons - CC BY 3.0

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