one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Feira no Rio destina parte do lucro para mães vítimas de violência do Estado

Criado em 17/10/15 17h39 e atualizado em 17/10/15 17h53
Por Flávia Villela Edição:Armando Cardoso Fonte:Agência Brasil

Artesanato e produtos feitos coletivamente em benefício das vítimas de violência do Estado serão expostos amanhã (17), a partir das 10h, no Complexo do Alemão, na Penha, zona norte do Rio de janeiro.

A Feira Pretitude Econômica é uma iniciativa de movimentos de maioria negra e de familiares e vítimas de racismo por parte do Estado. Uma das organizadoras do evento, Tathy Lima, militante do Perifavela, explicou que 20% do lucro das barracas serão destinados a um fundo para ajudar mães vítimas do Estado do Rio de Janeiro.

“A ideia da feira surgiu após a marcha de protesto contra os assassinatos no Bairro de Cabula, na Bahia . Depois de diversas reuniões, decidimos criar um fundo para dar um pouco mais de autonomia a essas mães. A proposta da feira é arrecadar dinheiro para esse fundo”.

Outro objetivo do evento, que será itinerante, é difundir a cultura de resistência africana e afro-brasileira, além de fortalecer a economia coletiva. A próxima feira deve ser realizada em novembro no Vidigal, favela da zona sul do Rio. “Depois que já estivermos no ritmo, queremos fazer essa feira uma vez por semana”, informou Thathy.

Algumas mães que tiveram os filhos assassinados por agentes do Estado também vão expor na feira, como Fátima dos Santos Silva, 56 anos, que descobriu no artesanato fonte de renda e força para seguir vivendo após a morte do filho, Hugo Leonardo, em 2012, aos 33 anos, por policiais na Rocinha, São Conrado, zona sul do Rio.

“Foi em 17 de abril de 2012, às 16h20. Estava passando a camisa do meu marido, quando escutamos dois tiros. Nunca imagei que isso fosse acontecer com meu filho. De joelhos e com as mãos para o alto, ele foi executado com dois tiros, sendo que um na cabeça.”. Fátima perdeu o emprego de faxineira após a morte de Hugo.

“O artesanato para mim é uma terapia para eu parar de tomar tanto remédio por causa da depressão”. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil. A Secretaria de Segurança Pública informou que a ocorrência foi registrada como homicídio decorrente de intervenção policial.

Fátima disse que a família foi ameaçada de morte e que só reuniu coragem para denunciar o assassinato do filho um ano depois, com o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, também na Rocinha. “Hoje, sou militante. Enquanto estiver viva lutarei por justiça e para limpar o nome do meu filho, que não era traficante. Há três meses fui chamada para depor, mas adiaram e até hoje nada se resolveu.”

Fátima faz bolsas, bonecas e uma série de trabalhos com materiais recicláveis, mas continua vivendo de ajuda e doações, pois a venda do artesanato não basta para pagar as contas. Além do artesanato de Fátima, haverá também cerveja artesanal do coletivo da Roça, do Morro do Timbau, do Complexo da Maré, zona norte, doces artesanais, acessórios, artigos femininos, música, massoterapia, entre outras atrações.

A feira tem apoio dos coletivos Quilombo Organizado, Ocupa Alemão, do Fórum de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, da Associação de Mulheres de Ação e Reação (AMAR), da Campanha Reaja ou Será Morta e do Fundo Huhuru. As barracas estarão expostas na Rua Sebastião de Carvalho.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário