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Bárbara Heliodora

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Morre no Rio a crítica teatral Bárbara Heliodora

Criado em 10/04/15 16h36 e atualizado em 18/03/16 15h15
Por Alana Gandra e Paulo Virgilio* Edição:Aécio Amado Fonte:Agência Brasil

O Hospital Samaritano confirmou na manhã desta sexta (10) a morte da crítica teatral Bárbara Heliodora, de 91 anos. Ela estava internada desde março passado. O corpo será velado amanhã (11) no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro, a partir das 8h. A cerimônia de cremação está programada para as 15h.

A secretária de Estado de Cultura, Eva Doris Rosental, disse que o teatro brasileiro está de luto com a perda de uma pessoa que dedicou toda a vida a ele, como uma das críticas mais respeitadas do país, traduzindo Shakespeare, escrevendo livros e ensinando a arte do palco a gerações de alunos.

A atriz Zezé Motta lamentou a morte e disse à Agência Brasil que Bárbara Heliodora era uma mulher que sabia tudo de teatro e deu uma grande contribuição para o setor não só com suas pesquisas, mas como crítica também. “Tem pessoas que implicam com a crítica, mas eu acho que crítica faz parte. Uma vez, ela me criticou, mas para mim foi útil. Eu mexi no que ela tinha criticado e ficou melhor o 'show'. Enfim, foi uma grande perda. Mas ela deixou um legado que várias gerações vão ainda usufruir”.

“Bárbara era uma pessoa importante para o teatro brasileiro”, definiu a atriz Cristina Pereira. Segundo ela, apesar da avaliação rigorosa das peças teatrais, que a fazia temida pela classe teatral, os atores e as atrizes ficavam esperando com ansiedade a crítica de Bárbara Heliodora. “A opinião dela fazia parte do cotidiano do teatro. É uma grande perda. Era uma mulher de personalidade, uma intelectual, uma pessoa culta, conhecedora e amante do teatro. Ela fez parte das nossas vidas de atores, de operários da arte”.

Bárbara Heliodora
Creative Commons - CC BY 3.0 - Bárbara Heliodora

Vanor Correia/ GERJ

“Amiga da vida inteira”, a diretora teatral e atriz Jacqueline Laurence lamentou também a morte de Bárbara Heliodora,  a quem considerava uma mulher apaixonada pelo teatro e que, segundo Jacqueline, foi se tornando uma das personalidades culturais mais importantes do país. Deu uma contribuição enorme à cultura brasileira. "Marcou o grande público e a classe teatral inteira com a sua personalidade, sua presença, a força do seu trabalho crítico e incentivador do teatro”, disse. A diretora ressaltou que Bárbara sempre soube separar a relação de amizade com ela de sua condição profissional como atriz e diretora de teatro. Para Jacqueline Laurence, Bárbara Heliodora foi a maior crítica de teatro de toda uma geração.

Considerada a maior autoridade no Brasil na obra de William Shakespeare, Bárbara Heliodora, filha mais nova do casal de intelectuais Anna Amélia e Marcos Carneiro de Mendonça, atribuía à mãe a paixão pela obra do dramaturgo inglês. Em 2005, por ocasião do lançamento de um de seus livros sobre o autor - O Homem Político em Shakespeare - ela se definiu, em entrevista ao jornal O Globo, do qual era crítica teatral, como “presidente do fã-clube de Shakespeare”.

Na ocasião, Bárbara contou que, aos 12 anos, ganhou da mãe Anna Amelia o primeiro volume das obras completas do dramaturgo. “A partir daí, Shakespeare tem sido um grande bom amigo ao longo dos anos”. A carreira de crítica teatral começou em 1958, no hoje extinto jornal Tribuna da Imprensa. No mesmo ano, se transferiu para o Jornal do Brasil, onde assinou uma coluna teatral até 1964. Reconhecida pela seriedade, erudição e rigor de seu trabalho, ela decidiu naquele ano afastar-se da crítica para atuar na direção do Serviço Nacional de Teatro (SNT).

Do final da década de 1960 até 1985, Bárbara Heliodora exerceu o magistério, primeiramente no Conservatório Nacional de Teatro e depois no Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio), onde foi titular da cadeira de História do Teatro. A partir de 1986, voltou a exercer a crítica teatral, primeiramente na revista Visão e depois no jornal O Globo, até janeiro do ano passado, quando decidiu deixar o cargo, aos 90 anos de idade.

 

*Colaborou Nanna Possa, da Radioagência

 

Creative Commons - CC BY 3.0

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