one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Amazônia

Imagem:

Compartilhar:

Exposição em SP mostra ocupação na Amazônia por meio de fotos

Criado em 25/07/15 11h37 e atualizado em 18/03/16 15h15
Por Elaine Patricia Cruz Edição:Valéria Aguiar Fonte:Agência Brasil

Em algum momento entre os anos de 1985 e 1993, um jovem índio yanomami que vivia na região amazônica foi caçar e acabou sendo surpreendido por um garimpeiro que atirou. Aquela tinha sido a primeira vez em que ele entrara em contato com um homem branco. “Ele vivia na mata e os garimpeiros estavam entrando na terra deles. Eles foram caçar e os garimpeiros viram e atiraram. A primeira vez em que ele viu um homem branco, atiraram nele. E ele foi salvo pelos pilotos dos garimpeiros que ficaram com pena dele e o levaram para Boa Vista”, disse João Paulo Farkas, o fotógrafo que narrou essa história para a Agência Brasil e que fez uma imagem do índio baleado, já em Boa Vista, registro esse que compõe a exposição Amazônia Ocupada, em cartaz no Sesc Bom Retiro, na capital paulista, que começou ontem (24) e termina no dia 1º de novembro. 

A mostra reúne 75 imagens, a maioria delas inéditas, feitas por Farkas entre 1985 e 1993 na Amazônia e narram a ocupação da região. As fotos foram selecionadas entre um amplo material produzido em nove expedições do fotógrafo para a região, grande parte delas em companhia do jornalista Ricardo Lessa. A curadoria da exposição é de Paulo Herkenhoff. Quinze dessas imagens foram ampliadas e serão colocadas na rua. “Haverá uma outra exposição do lado de fora, onde serão colocadas 15 imagens na rua, onde há muito tráfego de pedestres e automóveis”.

Entre as imagens da exposição, há também o registro destes homens que compõem o outro lado dessa história: os garimpeiros. “Mas ao mesmo tempo, fomos visitar índios Uru-Eu [Uru-Eu-Wau-Wau] e eles tinham matado um garimpeiro. Os garimpeiros começaram a entrar na terra deles e eles os mataram. Então você via os dois lados da história”, contou Farkas, que esteve na região amazônica em diversas expedições e que pretende contar um pouco do que vivenciou por lá por meio dessas imagens, direcionada sempre ao ponto de vista humano.

“Essa história é contada do ponto de vista humano. Há garimpeiros, agricultores, fazendeiros, comerciantes, barqueiros, seringueiros, índios, missionários, prostitutas, pilotos de avião, donos de barcos”, relatou Farkas à Agência Brasil.

Toda essa história é também apresentada em um vídeo feito especialmente para a exposição. “Tem um vídeo que fizemos para a exposição em que a gente conta essas histórias [sobre os índios]”, falou o fotógrafo.

O primeiro convite que recebeu para fotografar a Amazônia foi feito pelos próprios garimpeiros de ouro e cassiterita, dos garimpos fechados da região onde só era possível chegar por avião. “Na Amazônia há os garimpos abertos, onde qualquer um pode chegar de carro e há os fechados, onde você só chega de avião. Os garimpos fechados ninguém conhecia. Havia toda uma realidade dos garimpos fechados que são administrados por grandes garimpeiros.

Fomos para conhecer alguns desses garimpos e ficamos muito impressionados com aquilo e resolvemos, por conta própria, voltar para retratar essa ocupação que estava acontecendo na Amazônia”, disse ele. “E quando a visitamos, você mergulha naquela realidade onde a mata tem uma força, a chuva tem uma força, o ocupante tem outra força. E essas forças estão se digladiando e lutando lá. Então, do ponto de vista fotográfico é muito rico,” explicou. 

A exposição é gratuita. “Aprendi que a aventura humana é sempre rica em histórias e é preciso dar voz para aqueles que fazem a história todos os dias e não apenas aos grandes fatos e grandes personagens. O brasileiro anônimo nos confins da Amazônia tem muito a nos contar sobre os destinos da região”, falou Farkas.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário