one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Exposição na Maré propõe reflexão sobre transformação urbana

Criado em 13/09/15 17h02 e atualizado em 07/07/16 14h20
Por Akemi Nitahara Edição:Denise Griesinger Fonte:Agência Brasil

Começou neste final de semana, no Galpão Bela Maré, a exposição Travessias 4 – Arte Contemporânea na Maré, no complexo de favelas da zona norte do Rio de Janeiro. Em sua quarta edição, a atividade propõe a reflexão e discussão sobre o papel da arte na transformação do espaço urbano.

Participam da mostra os artistas convidados Regina Silveira e Eduardo Coimbra, além de dois trabalhos de artistas iniciantes, selecionados por meio de edital. A organizadora da exposição, Luiza Mello, explica que a proposta é entender a arte como forma de contato afetivo e criativo entre as pessoas com o mundo.

“A proposta é que a gente atravesse fronteiras, que as pessoas de outros bairros venham para cá e que as pessoas que moram aqui, gostando de arte, passem a frequentar outros espaços culturais em outros bairros da cidade. Então é oferecer essa ponte, abrir os olhos das pessoas, é proporcionar e provocar para um tipo de expressão cultural que é a arte visual”, disse a organizadora.

A série de fotografias Interiores da Maré está na 4 edição da exposição Travessias Arte Contemporânea na Maré, que acontece no Galpão Bela Maré (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Painéis luminosos pendurados no teto compõem a obra Balancéu, de Eduardo Coibra, e dão a sensação de que o céu está em movimentoAgência Brasil/Fernando Frazão

Regina Silveira montou a obra Touch especialmente para o galpão, com mãos enormes impressas pelo chão e nas paredes do local. Grandes painéis luminosos pendurados no teto compõem a obra interativa de Eduardo Coimbra Balancéu que, ao serem balançados, dão a sensação de que o céu está em movimento. Marie Carangi fará a performance Corte estilo guilhotina, que questiona a auto-imagem e a representação dos padrões revelados pelo cabelo.

O quarto trabalho é o Interiores da Maré, uma parceria entre o produtor Henrique Gomes, morador do bairro, e o fotógrafo italiano Antonello Veneri. O fotógrafo explica que a ideia é reproduzir uma tradição antiga no Brasil dos retratos de família, para mostrar a beleza que existe na Maré. “A maioria das famílias daqui são de origem nordestina e no Nordeste do Brasil essa tradição do retrato fotográfico é muito antiga. Aliás, muitas famílias que fotografamos tinham na casa retratos dos pais. Então pensamos: por que não continuar fazendo isso? Também porque das comunidades, das favelas, sempre é mostrado o lado ruim da violência, a mídia sempre mostra esse lado. Então nós quisemos mostrar esse outro lado, que é o lado do cotidiano, da beleza. Todas as famílias adoraram”.

A série de fotografias Interiores da Maré está na 4 edição da exposição Travessias Arte Contemporânea na Maré, que acontece no Galpão Bela Maré (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A 4ª edição da exposição Travessias – Arte Contemporânea na Maré tem fotografias e instalações de artistas conhecidos e iniciantesAgência Brasil/Fernando Frazão

Outra atração é a maquete colaborativa do complexo de favelas, feito sob coordenação do arquiteto Pedro Évora desde a segunda edição do evento. Este ano, ela está com 48 metros quadrados, o dobro do tamanho de 2014, e conta com uma projeção da artista Regina Silveira. Évora relata que ainda falta a representação de quase 40% da comunidade. De acordo com ele, as oficinas e o trabalho que envolveu a comunidade na elaboração da obra empolgou os cerca de 40 participantes.

O estudante Walison John Aleixo Ramos, de 10 anos, mora na região e ajudou a fazer a maquete. “Tudo é legal. Achei minha casa, a passarela. Nunca tinha trabalhado com maquete. A exposição está bonita, o céu parece que é verdadeiro. Essa mãos na parede parecem que são minhas mãos”.

O diretor do Observatório de Favelas, ONG idealizadora do projeto, Jorge Luiz Barbosa, explica que um dos objetivos da mostra é proporcionar, além do intercâmbio entre artistas conhecidos e iniciantes, o encontro entre as diversas regiões da cidade.

“Primeiro é esse encontro necessário que pode refundar a arte com outras motivações, outros conceitos e outros significados. O segundo é fazer uma superação dos estigmas de violência e dos estereótipos de carência da favela, criando um grande centro cultural numa das maiores favelas do Brasil e a maior do Rio de Janeiro, que é a Favela da Maré, mostrando que a favela pode ser uma referência na produção e na fruição estética. O terceiro ponto é fazer um grande encontro das pessoas da cidade num espaço popular. Então é como a favela pode se tornar também esse espaço público de vivência e convivência das pessoas da cidade”.

Inaugurado ontem (12), o projeto Travessias 4 fez dois workshop de criação coletiva e intervenção e vai receber quatro oficinas e dois encontros sobre os temas em debate. O programa educativo já tem visitas agendadas de 17 escolas, das 19 da região. Os trabalhos podem ser vistos até o dia 14 de novembro no Galpão Bela Maré, que fica na Rua Bittencourt Sampaio, entre as passarelas 9 e 10 da Avenida Brasil.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário