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Allan do Carmo e Fernando Fernandes treinam com atletas indígenas
Criado em 27/10/15 23h28
e atualizado em 28/10/15 16h11
Por Nathália Mendes, de Palmas (TO)
Fonte:Portal EBC
Acostumado a nadar quilômetros em águas abertas, o maratonista aquático Allan do Carmo mergulhou na cultura dos povos indígenas. “Eu estava ali na água me sentindo como um deles”, explicou o medalhista de prata por equipes no último Mundial de Esportes Aquáticos, em Kazan, na Rússia, durante uma roda de diálogo sobre a experiência de atletas de alto rendimento na terça-feira, na Oca da Sabedoria.
Depois de conseguir a classificação para os Jogos Olímpicos do ano que vem e participar de etapas dos circuitos mundial e brasileiro, Allan do Carmo aproveitou as férias para nadar lado a lado de indígenas do mundo todo, em treino no ribeirão Taquaruçu-Grande – que vai receber, a partir da próxima sexta-feira, as provas aquáticas dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.
“Achei que ia encontrar alguns atletas despreparados, mas vi que muitos ali nadavam muito bem, inclusive usando uma técnica direcionada para a maratona aquática. Como eles não usam óculos, eles ficam com a cabeça fora d'água. Quando eles viram que eu nadava com a cabeça mais baixa, logo eles começaram a fazer igual. Os indígenas tem uma facilidade muito grande para aprender e são muito interessados”, elogia Allan, que também adotou a pintura corporal feita pelos indígenas.
O nadador revela, inclusive, que chegou a fazer uma parte do percurso à moda indígena: “No final eu tirei os óculos e comecei a nadar com a cabeça para fora da água para ter a mesma sensação que eles. Vi que cansa bastante. Por isso que alguns já tinham perdido o fôlego logo no início”, disse.
O atual vice-campeão do circuito mundial ensina que a orientação é fundamental para fazer uma boa prova: “É tentar nadar em linha reta o máximo possível, porque isso ajuda a fazer um percurso menor”. E ele não duvida do empenho dos indígenas em seguir as orientações à risca: “Eles mostram muita garra e força. São pessoas guerreiras que superam a falta de técnica na vontade, na determinação. Foi importante para eu colher um pouco dessas características deles, até para levar para o dia a dia”.
Respeito através do esporte
O canoísta paralímpico Fernando Fernandes, dono de quatro campeonatos mundiais, também experimentou a rotina dos povos indígenas ao passar cinco dias em uma aldeia dos Javaés, em Tocantins. “O esporte é uma forma de unir os povos e mostrar a cultura indígena para a sociedade. Nós temos que entender o momento que os povos indígenas passam. Falta valorização”.
“Nós admiramos muito os maori (da Nova Zelândia), os havaianos, os africanos, mas fechamos os olhos para os nossos indígenas. E eles estão aqui para mostrar quem eles são por meio do físico, da raça que eles têm”. E o atleta recorre à sua própria história de vida para ilustrar as possibilidades que o esporte dá a quem pratica: “No momento em que eu sentei nessa cadeira de rodas, fui marginalizado. Mas quando eu sento no meu caiaque, sou muito melhor do que qualquer um aqui. As pessoas aprenderam a me respeitar depois de verem tudo que eu fiz. O grande intuito do esporte é para o que você o usa”.
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