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Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha

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A Copa do Mundo pelo olhar dos torcedores: brasileiros e estrangeiros avaliam o Mundial

Criado em 12/07/14 21h00 e atualizado em 02/01/15 14h42
Por Nathália Mendes Edição:Ana Elisa Santana Fonte:Portal EBC

A famosa expressão “Imagina na Copa” foi consagrada durante os anos em que o país se preparou para receber o Mundial. O jargão passou a ser usado principalmente para frisar a dificuldade que brasileiros e estrangeiros teriam para usufruir de serviços, transitar pelo país e pelas cidades-sede, se comunicar, encontrar preços justos e até lidar com manifestações durante o mês que o Brasil seria o país-sede da Copa. Mas qual é o balanço final depois de 30 dias de evento, 64 jogos e 170 gols registrados até agora?

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Acompanhe a cobertura da Copa do Mundo

Uma das cidades que mais sentiu os impactos do Mundial e recebeu milhares de turistas foi o Rio de Janeiro. O Portal EBC conversou com moradores da cidade sobre o sentimento deles em relação à Copa antes, durante e depois da realização do evento em solo brasileiro. Entrevistamos também  turistas estrangeiros que passaram pela cidade que recebe neste domingo (13)  a final do Mundial sobre como eles viveram a Copa do Mundo. Confira:

 

Torcida do Brasil para a Copa do Mundo 2014
Torcedores acompanham o jogo do Brasil, na quadra da Vai Vai, em São Paulo (Paulo Pinto/ Fotos Públicas)

Impulso para o país
“Claro que o Brasil precisa de investimentos em hospitais, educação e infraestrutura, mas mesmo se não tivesse Copa do Mundo, eles não seriam construídos. A Copa do Mundo foi um grande acontecimento para o Brasil, que teve uma repercussão muito grande, divulgou a nossa imagem e impulsionou o nosso turismo. A organização foi positiva, deu tudo certo e acho que foi muito bom para o Brasil.
A simpatia e o espírito brasileiro foram fundamentais. Todo estrangeiro se sente bem acolhido aqui, acho que muito por conta da miscigenação do nosso povo. Eu já vivi na Europa e sei que lá fora o racismo, por exemplo, é muito mais forte. Agora é olhar para o que não ficou pronto a tempo para a Copa. E isso é para que a gente possa ter uma estrutura cada vez melhor e para desenvolver o turismo. O turismo gera dinheiro para o Brasil, e trazendo dinheiro para o Brasil, poderemos investir em educação, saneamento, saúde e tudo isso”.
Sônia Schiler, corretora

 

Viaduto que desabou começa a ser demolido em Belo Horizonte
Viaduto desabou e teve que ser demolido em Belo Horizonte (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Obras inacabadas 
“As obras estavam bem atrasadas e isso fez com que elas fossem concluídas às pressas, e correndo risco de serem malfeitas. E aí existe o risco de acidentes, como o que aconteceu com o viaduto de Belo Horizonte. Acho estranho que houve pouca repercussão midiática, mas um desastre como este, que deixa mortos e feridos, não pode ser ignorado. Tem um lado certamente cultural nestes atrasos, porque o brasileiro costuma deixar as coisas acontecerem só no final.
Acho que o aspecto da organização foi coberto pelo aspecto esportivo, pelo jogo de futebol. Uma vez que a Copa começou, ninguém falou mais de organização. As manifestações pararam. O jogo passou a ser o foco das pessoas e tudo fluiu mais facilmente.
Quando a Copa acabar, tudo que ficou no papel e está parado deve ser retomado. O que ficou prometido e não foi entregue não pode ser esquecido.”
Maxime Tristan Leroy, engenheiro francês que mora no Brasil há sete anos

 

Dilma inaugura obras no aeroporto de Brasília
Novo Píer Sul do aeroporto internacional de Brasília, com mais dez pontes de embarque (16/04/2014) (Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)

Aeroportos e hospedagem sem problemas 
“Um país da América Latina receber uma Copa do Mundo era algo que não acontecia há muito tempo. Criou-se uma série de dúvidas e até uma campanha difamatória contra o Brasil e o seu povo nos últimos anos, mas mostramos que podemos fazer grandes eventos. O brasileiro tem aquele hábito de sempre fazer tudo com emoção, mas acaba fazendo. Estes problemas que a gente tanto temia não estão nem se cumprindo. Não estou escutando nada sobre problemas de voos, hospedagem, circulação do turista, tudo que foi dito antecipadamente não está se confirmando.
Nós temos nossos problemas e muitos deles foram abafados por causa da Copa. Mas temos que ver outros lados. Os estrangeiros estão boquiabertos com o nosso país. É unânime o que eles dizem sobre o calor do brasileiro, de modo geral. É uma realidade que talvez não chegava a eles e este é um grande legado que fica para a gente. O turismo vai ter um fomento muito grande nos próximos anos.”
Laércio Nascimento, motorista

 

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Torcedores argentinos no estádio Itaquerão, em São Paulo (AP Photo / Victor R. Caivano) (Victor R. Caivano / AP Photo ©)

Rivalidade Brasil x Argentina
“Na Argentina, foi muito comentado sobre os protestos contra a Copa e os questionamentos que os brasileiros fizeram sobre os gastos públicos, que era um gasto desnecessário para a Copa e muito mais urgente para as pessoas que vivem aqui. Mas a organização foi boa.
O único problema foi que o Brasil, por ser um país com uma tradição tão futebolística, poderia ter evitado alguns problemas, como alguns incidentes e confrontos de torcidas que vimos por aí. Mas, no geral, nos sentimos muito seguros, o que é muito importante.
Não senti nenhum tipo de hostilidade e fui tratado muito bem no país. Há uma ideia equivocada de que todos os brasileiros e argentinos devem se ver como rivais, mas deu para sentir que a maioria pensa que isso deve ficar restrito ao futebol.”
Nicolás Vera, argentino que está há um mês no país. Sempre acompanhando o time capitaneado por Messi, Vera já passou por São Paulo, Belo Horizonte e agora está no Rio de Janeiro

Investimento desnecessário

“Achei que foi muito dinheiro desnecessário na Copa do Mundo. Não precisava disso tudo. Tanto dinheiro gasto, para no final, dar no que deu. A gente investiu muito e eu não vi tanta coisa em troca.”
Michele Ferreira Marins, recepcionista

 

Torcedores assistem Argentina x Holanda na Fifa Fan Fest
Torcedores acompanham jogo entre Argentina e Holanda na Fifa Fan Fest - Brasília, no Taguaparque, em Taguatinga - DF (Valter Campanato/Agência Brasil)

Comunicação difícil
“Nós ouvimos sobre os problemas que poderia haver no Brasil, especialmente sobre manifestações e segurança, mas de maneira alguma isso nos fez pensar em desistir de vir à Copa. Somos um grupo de amigos e estamos tomando cuidados e cuidando um dos outros para evitar qualquer situação mais incômoda. Mas até agora, tudo transcorreu muito bem.
Gostei muito do Brasil. Estar aqui tem sido uma experiência incrível. É interessante ver como os brasileiros lidam com o futebol, porque é um jeito único. As mulheres também são muito bonitas. A hospitalidade dos brasileiros é excelente. Provavelmente eu voltaria ao Brasil para as Olimpíadas.
A comunicação tem sido uma dificuldade para mim. Eu não falo português ou espanhol. Os brasileiros não falam inglês e é muito difícil achar alguém que fale a língua.”
Kevin Pinas é holandês e está há duas semanas no Rio de Janeiro

Segurança

“Depois que as pessoas viram que tudo “correu bem”, elas pararam de falar que ia ser ruim. Porque há este sentimento que de o Brasil deu conta de receber a Copa. Para mim, a vida está normal, com a Copa ou sem. Eu não vi mudança nenhuma. Mas o que a população quer, de verdade, é que depois que a Copa acabe, que a gente continue tendo esta segurança toda que estamos vendo nas ruas, mais transporte e outras coisas que só estão funcionando na época da Copa.”
Wellington Ferreira da Cruz, estoquista

 

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Torcida lota o Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, para a partida entre Brasil e Alemanha (Francois Xavier Marit/AP ©)

Maturidade para receber eventos
“Sobre organização, eu não achava que daria muito certo porque muitas obras para o Mundial estavam atrasadas. Mas eu sempre confiei na receptividade do povo, que se supera sendo receptivo, prestativo e disponível. Tanto que você vê várias seleções exaltando a nossa população e a nossa torcida. A gente mostrou educação.
Minha rotina mudou bastante no período da Copa. Tive aulas que não puderam ser dadas e foi bem complicado neste mês. Mas a gente pensa que logo vai acabar e que o povo está precisando, então não foi nada que me deixou aborrecida ou indignada. O que me deixou indignada foi ver um camarada rasgando a bandeira do Brasil. Isso é ignorância. A gente não vai deixar de ser brasileiro porque perdeu uma Copa. Todo tombo é válido.
Mostramos maturidade para receber grandes eventos, mas temos sempre que melhorar porque ninguém nunca está pronto. As Olimpíadas estão vindo aí e nós não somos referência em esportes olímpicos. Mas, se nós somos os donos da casa, que a casa esteja arrumada, e que as falhas que houve nesta organização possam ser superadas e corrigidas. Só faltam dois anos.”
Tatiana Simões, professora

Edição:
Ana Elisa Santana

Creative Commons - CC BY 3.0

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