one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Imagem: Reuters / Mike Blake / Direitos Reservados

Compartilhar:

Ginástica de trampolim: Bielorrusso e canadense quebram hegemonia chinesa

Criado em 13/08/16 21h47 e atualizado em 13/08/16 22h28
Por Nathália Mendes Edição:Leyberson Pedrosa Fonte:Portal EBC*

Um bielorrusso e uma canadense tiraram os favoritos chineses do lugar mais alto do pódio na ginástica de trampolim. No masculino, Uladzislau Hancharou desbancou, neste sábado (13), Gao Lin, atual campeão mundial, e o ícone do esporte Dong Dong, um dos maiores trampolinistas de todos os tempos, e trouxe a primeira medalha de Belarus no esporte.

No feminino, Rosannagh MacLennan fez história ao se tornar a primeira atleta – entre homens e mulheres – bicampeã olímpica da ginástica de trampolim. A canadense chegou ao segundo título consecutivo depois de superar a britânica Bryony Page e a chinesa Li Dan na final de sexta-feira (12).

A China é uma das potências neste esporte pouco conhecido no Brasil, mas que faz parte do programa dos Jogos desde Sidney 2000. Os chineses são donos de 11 medalhas olímpicas nas provas masculinas e femininas, sendo três ouros, duas pratas e seis bronzes.

A potência oriental vinha de dois títulos consecutivos – com Lu Chun Long em Pequim e Dong Dong em Londres. A classificatória parecia confirmar o domínio chinês: Gao Lin avançou em primeiro lugar, com 110.050 pontos e Dong Dong em terceiro, com 110.090.

Hancharou
Hancharou - Reuters / Mike Blake / Direitos Reservados

Hancharou apareceu como “intruso” entre os dois astros chineses, cravando a segunda melhor marca da classificatória – 111.090. Após a rotina livre que definiu a ordem do pódio, o novo campão olímpico permitiu-se dar um soco no ar ao deixar o trampolim – uma espécie de cama elástica onde os atletas executam seus saltos.

Com a nota mais alta na execução de seus saltos e o segundo maior tempo de voo, Hancharou apareceu na frente de seu ídolo Dong Dong e de Gao Lin, dono do título mundial de 2015 e grande nome da temporada passada. A medalha encerrou uma série invicta de nove anos de títulos dos ginastas chineses em Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais – o último atleta nascido em outro país a ganhar competições deste nível foi o russo Alexander Rusakov, em 2005.

“Eu fiz a minha rotina usual e, no final, me senti muito bem. Foi uma explosão de sentimentos. Comparada à minha rotina do ano passado, a que eu fiz hoje é idêntica. Mas se você comparar com a rotina do campeonato mundial de 2014, os exercícios de hoje foram ainda mais fáceis. O diferencial é a tática. Quis manter o mesmo nível de execução porque meu desempenho final não seria comprometido se eu ficasse atrás em altura e dificuldade”.

Nem mesmo o bielorrusso de 20 anos imaginava voar tão alto em tão pouco tempo. Depois de ficar com o bronze no Mundial de Daytona, em 2015, Hancharou revelou que tinha pretensões bem mais modestas no Rio de Janeiro:

“Talvez a prata. Quero dar um passo de cada vez. Prata no Rio, e depois, quem sabe, o ouro”, projetou, em entrevista à Federação Internacional de Ginástica. Hancharou pratica a ginástica de trampolim desde os seis anos, mas só estreou em competições internacionais em 2013, com um oitavo lugar no Mundial de Sofia, na Bulgária.

O atleta só precisou de três anos para chegar à medalha de ouro. No Mundial de Daytona Beach, em 2014, já apareceu no pódio, terminando com o bronze. No ano passado, tornou-se vice-campeão do mundo e despontou como candidato a uma medalha olímpica.

Em abril, venceu o evento-teste da ginástica de trampolim, sinalizando que poderia repetir o feito na mesma Arena Olímpica quatro meses depois.

“Quando comecei eu sequer sonhava que eu chegaria na seleção bielorrussa. Com o tempo, as coisas foram evoluindo e eu acabei me tornando profissional. Vou guardar essa medalha de ouro debaixo do meu travesseiro”, brinca.

A campeã voltou

2016-08-12t200143z_1694114244_rioec8c1jmtvd_rtrmadp_3_olympics-rio-trampoline-w.jpg
Copyright - Rosannagh MacLenna - Reuters / Mike Blake / Direitos Reservados

A força dos chineses fica ainda mais evidente na prova individual feminina: foram cinco títulos mundiais de 2009 até agora, além do título mundial de 2015, com Li Dan, e o ouro de He Wenna em 2008. Rosannagh MacLennan coloca-se como “a estranha no ninho”: quinta colocada no ranking mundial, campeã olímpica em 2012 e mundial em 2013, a canadense não aparecia no rol das favoritas.

Seus treinos foram interrompidos graças à uma série de lesões na cabeça: uma concussão cerebral sofrida em julho do ano passado, a três semanas dos Jogos Pan-Americanos, e outra pancada um mês depois. A volta à rotina só veio em novembro de 2015, a tempo de ficar com o quarto lugar no Mundial de Odense e carimbar o passaporte rumo ao Rio.

Escolhida para levar a bandeira canandense na cerimônia de abertura do Rio, Rosie defendeu seu título com sua série mais simples.

“Eu segurei um pouco porque me sentia muito mais confiante na execução desta série. Não estava tão segura sobre a outra série e sabia que poderia ser arriscado. E não é hora de fazer apostas em uma final olímpica. Estou muito grata de ter a oportunidade de voltar e competir de novo com um grupo tão forte de mulheres. Não poderia estar mais animada e orgulhosa de estar no topo do pódio de novo”, conta.

Brasil entre os grandes ginastas

Rafael Andrade
Copyright - Rafael Andrade - Reuters / Mike Blake / Direitos Reservados

 

Rafael Andrade era o representante do Brasil entre os 16 atletas que disputaram a classificatória. Ele se tornou o primeiro atleta do país a competir em Jogos Olímpicos. Junto com sua técnica, Tatiana Figueiredo, formava a diminuta delegação brasileira na modalidade.

 

Na soma das rotinas obrigatória e livre, o brasileiro totalizou 76.145 pontos, sendo eliminado em penúltimo lugar. “Realizei um sonho, pois agora sou atleta olímpico. Fiquei um pouco frustrado com a minha série livre, porque, geralmente, nos treinos, não cometo o erro que cometi aqui no sexto salto. Apesar disso, fico feliz de ter tido a oportunidade de representar o Brasil”, disse.

Competindo há 20 anos em um esporte sem nenhuma tradição no Brasil – tanto é que, com exceção da reportagem do Portal EBC, nenhum outro jornalista do país passou pela zona mista para conversar com os três primeiros colocados no masculino –, Andrade espera ter despertado o interesse de quem o assistiu:

“Agora, a modalidade tem representante em Jogos Olímpicos e isso deve gerar uma maior visibilidade para o torcedor em geral, que não conhece bem o que é a ginástica de trampolim. Espero que no futuro as crianças comecem a entrar nas escolinhas”.


 *com informações da ONS/Info Rio 2016 e o repórter Maurício Costa, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário