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Lute como uma garota: as histórias de superação das medalhistas da Rio 2016

Criado em 12/08/16 14h34 e atualizado em 12/08/16 19h20
Por Cibele Tenório* Edição:Leyberson Pedrosa Fonte:Portal EBC*

Quem vê as atletas nos pódios dos Jogos Olímpicos Rio 2016 pode não imaginar mas, para serem as melhores no que fazem, enfrentaram obstáculos que vão além dos desafios trazidos pelo próprio esporte.

Depressão, abandono familiar, racismo, suor e lágrimas marcam as trajetórias de algumas das mulheres que já garantiram medalha nesta XXXI edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

 

Conheça as histórias de três delas:

 

Rafaela Silva | Simone Biles | Mayra Aguiar

 

Rafaela Silva

Primeira medalhista de ouro do Brasil nesta edição dos Jogos, a judoca Rafaela Silva de 24 anos emocionou a todos ao cair no choro após a sua vitória contra a atleta Dorjsürengiin Sumiya, da Mongólia, na final na categoria até 57 quilos feminino  no último dia 8. 

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Rafaela Silva - Ilustração: Kaol Porfírio

Não era para menos. Oito anos antes, na Olimpíada de Londres, Rafaela chegou como favorita porém foi eliminada nas oitavas de final da competição.  

O abatimento pela derrota nos Jogos virou depressão quando a atleta passou a receber mensagens racistas em suas redes sociais de pessoas descontentes com a derrota.  

Após ser chamada de “macaca” e ler que “era uma vergonha para a família”, havia tomado uma decisão: parar de lutar. 

"Foi um momento bem difícil. Andava na rua e pensava “vou lutar a Olimpíada”. Mas caía a ficha. Lembrava que tinha sido eliminada e ficava muito chateada. Assistia televisão e começava a chorar”, relembra.

A atleta de origem humilde cresceu na comunidade Cidade de Deus no Rio de Janeiro e começou a praticar judô aos 5 anos, em uma academia na rua de sua casa. Ainda criança começou a treinou no Instituto Reação, organização não governamental do medalhista olímpico Flávio Canto na Cidade de Deus, comunidade do Rio de Janeiro.

No Reação, já adulta, encontrou forças para juntar seus cacos e dar a volta pro cima após as sessões de terapia com a psicóloga do projeto, Nell Salgado. Desde então, a psicóloga assumiu o posto de guia da judoca.

 “A Nell começou a fazer um trabalho voluntário para o Instituto Reação e me perguntava se daqui a dois anos eu me via fora do judô. Aí eu dizia que o judô era minha vida e voltei a treinar”, disse Rafaela.

Rafaela Silva, judoca
Rafaela Silva, judoca. Reuters/ Kai Pfaffenbach/ Direitos Reservados

Fortalecida e mais confiante, os resultados começaram a vir. Em 2013, conquistou a medalha de ouro no Mundial de Judô de 2013. Trabalhando corpo e mente, Rafela mirava os Jogos no Rio sem esquecer das lições que a competição em Londres lhe trouxe.

“Isso ficou guardado em mim. Só entrava na competição pensando no que passei em Londres, que era uma sensação que não queria passar novamente”.

Com a medalha no peito, a judoca foi instigada por jornalistas a dar um recado às pessoas que a ofenderam no passado: 

“Não precisa de mensagem, a medalha já diz tudo. Não é a cor ou o dinheiro que faz você conquistar uma medalha. É só a vontade, a garra e a determinação", concluiu Rafaela. 

Simone Biles

Os movimentos feitos pela atleta norte americana Simone Biles beiram a perfeição e deixaram plateia e ginastas de outros países de queixo caído. Com seus 1,45 metros de altura, a menina de 19 anos chegou ao seu segundo ouro ao vencer a final individual feminina da ginástica olímpica contra a compatriota Alexandra Raisman.

Simone Biles
Simone Biles.Ilustração: Kaol Porfírio

 A atleta já havia conquistado o título por equipe pelos Estados Unidos na última terça (9). As medalhas olímpicas são as primeiras de uma carreira de tantos ítulos que fazem Bile parecer uma veterana.

Ela ostenta nada menos que 17 medalhas em campeonatos nacionais e 14 medalhas em campeonatos mundiais.

Simone Biles
Simone Biles. Reuters/ DYLAN MARTINEZ /Direitos Reservados

A menina de sorriso fácil carrega um drama familiar vivido na infância.  Sua mãe era viciada em drogas e não conseguia cuidar dos quatro filhos. Simone, então com três anos, e os irmãos passaram a viver num orfanato em Ohio até que o avô, Ron Biles, e sua esposa, Nellie, adotaram Simone e sua irmã Adria. Os outros dois irmãos foram morar com outros parentes.

 "Quando era mais nova me perguntava o que teria sido da minha vida se nada disso tivesse acontecido. Ás vezes ainda me pergunto se minha mãe biológica se arrepende e se queria ter feito as coisas de forma diferente, mas evito me prender a essas perguntas porque não sou eu quem tem que respondê-las", declarou Simone a veículos americanos.

 

biles family ❤️

Uma foto publicada por Simone Biles (@simonebiles) em

Em 2011, por apenas um ponto, ela não foi convocada para  seleção de ginástica artística nos Estados Unidos.Tomou a decisão de sair da escola e começou a ter aulas em casa, como é permitido nos EUA.

Abriu mão de atividades comuns de uma garota da sua idade e passou a treinar incansavelmente. A carga horária de treinos passou de 20 para 32 horas semanais. Um ano depois, ganhou seu primeiro título individual geral no mundial.  Mesmo assim, Biles não se enxerga como um dos grandes nomes dos Jogos Olímpicos:

“Eu não sou uma celebridade. Eu sou só a Simone Biles, mas é maravilhoso ser reconhecida pelo meu sucesso e do meu país. Eu não sou a próxima Usain Bolt ou Michael Phelps. Sou a primeira Simone Biles”.

Mayra Aguiar

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Mayra Aguiar. Ilustração: Kaol Porfírio

Ao colocar no peito a medalha conquistada na Rio 2016, Mayra Aguiar também entrava para história do país por ser a primeira mulher a ganhar mais de uma medalha de de bronze em Olimpiadas.

Quatro anos antes, em Londres, Mayra ainda se recuperava do fim do sonho pelo ouro quando foi à luta pelo bronze sentindo muitas dores físicas.O  golpe que deu a vitória a Kayla fez o braço da atleta estalar. Mesmo assim, conseguiu trazer o bronze pra casa.

Manteve-se entre as melhores do mundo, mas tinha nas lesões duras adversárias que levaram Mayra se submeter a diversas cirurgias. 

Logo depois da Olimpíada de Londres, passou por uma cirurgia para corrigir um problema no ombro. Recuperou-se a tempo de participar e levar título no Mundial de 2013.

Em seguida, foi submetida a mais duas cirurgias: no joelho direito e no cotovelo esquerdo.

 

Mayra Aguiar
Mayra Aguiar. Fernando Frazao/Agência Brasil

Apesar das muitas intervenções cirurgicas e periodos sem treinar por causa da recuperação, Mayra  chegou nas Olimpíadas Rio 2016 como uma das esperanças de medalha do Brasil.

Diante deuma torcida empolgada, a atleta viu o drama de Londres se repetir. Perdeu a semifinal para a francesa Audrey Tcheuméo e pouco tempo depois já voltava ao tatame para lutar pelo bronze contra a cubana Yalennis Castillo na categoria até 78 kg .

Assumindo uma postura agressiva, ela conseguiu um yuko, que a deixou em vantagem na luta. A estratégia de luta da brasileira foi não recuar para defender o placar favorável. 

“A hora em que consegui a pontuação, sabia que se ela sentisse que eu tinha parado, ela viria muito para cima. É uma atleta muito agressiva, já foi vice-campeã olímpica e sabe o valor de uma medalha. Então, ela daria tudo ali. Na minha cabeça, eu não poderia parar de lutar, eu teria que continuar agressiva, lutando. Pus na minha cabeça que ela não tiraria essa medalha de mim”.

 

Sobre as ilustrações desta matéria


* As ilustrações da matéria foram feitas pela gamer e developer Carolina Porfírio (ou Kaol Porfírio) que criou uma série de ilustrações em homenagem à mulheres fortes e inspiradoras.

O projeto “Like a Girl” (Como uma garota) faz referência a uma expressão usada diversas vezes de maneira pejorativa.

Em sua página no Facebook, Carol usa a expressão de maneira elogiosa e destaca as qualidades das mulheres que são retratadas em suas ilustrações. 


** As entrevistas da matéria foram coletadas de reportagens da Agência Brasil e Portal EBC. Para ficar por dentro dos Jogos no Rio, clique aqui

Creative Commons - CC BY 3.0

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