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O que as crianças aprendem quando estão brincando?

Criado em 14/08/15 12h32 e atualizado em 14/08/15 12h36
Por Toda Crianla Pode Aprender

A educadora e pesquisadora Renata Meirelles é uma importante referência quando o assunto é o mundo lúdico infantil. Ela realizou inúmeras observações e registros de brincadeiras pelo Brasil em projetos como  BIRA – Brincadeiras Infantis da Região Amazônica (que rendeu o livro “Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil”) e Território do Brincar. Em uma aula oferecida no Instituto Singularidades a autora expôs seu ponto de vista a respeito do que cada brincadeira pode representar simbolicamente para a criança e apresentaremos neste post algumas de suas observações.

A importância de brincar no chão

Renata aponta que o mundo da criança começa no chão. É de lá que partem seus movimentos e é este o espaço com o qual ela tem mais proximidade no início da vida.

O chão é o lugar onde se fixam as raízes, de onde tudo parte para vingar. Explorar a terra, cavar buracos, plantar e ver crescer são ações de compreensão sobre a estrutura do mundo. Como as coisas nascem? Onde é o centro das coisas? O que há embaixo da superfície?

Quando se brinca no chão é preciso estar agachado ou de cócoras, ou seja, dobrado sobre si mesmo. Esse debruçar-se sobre o próprio ser é um momento íntimo e concentrado, no qual a criança mergulha para dentro e “escava” para chegar ao mundo interno. É essa atitude cuidadosa de elaboração das experiências que permitirá construir laços íntimos com o mundo.

Brincadeira de casinha

Para a pesquisadora, brincar de casinha é ser capaz de organizar um espaço. Essa arrumação possui certo procedimento, segundo observou. Primeiro se limpa o terreno e se define o território que será utilizado. Depois, são elevadas as paredes, que marcarão os limites do espaço de intimidade. Em seguida, são escolhidos os objetos que estarão dentro da casa e estes serão dispostos de forma específica.

Se pensarmos na construção da casinha como a construção de si mesmo, veremos que os processos são bastante similares. Cada um delimitará seu espaço interior, definindo seus limites com o mundo. Desta forma, esta parte de dentro estará protegida, mas poderá ter aberturas que permitam trocas com o lado de fora. Há a possibilidade de ver e ser visto ou de se esconder. Os conteúdos internos presentes não serão aleatórios e deverão ser organizados de acordo com seu significado e função.

A brincadeira de casinha pode transformar-se em uma brincadeira de construção de uma fortaleza ou abrigo. Nesse caso, a maior preocupação será proteger o interior, ou seja, aprender a defender o próprio território.

Brincando de cozinhar

A cozinha, de acordo com Renata, é um espaço social. Nela acontecem conversas, trocas, vivências de sabores, cores e cheiros. Além disso, aquilo que é preparado frequentemente é feito para ser partilhado com o outro. Não importa se a comida é feita com ingredientes comestíveis ou se com terra, areia, massinha, plantas. O importante é o processo vivido.

Cozinhar é uma experiência que permite transformar os ingredientes, combiná-los, separá-los, ver como interagem. Pode-se ainda perceber esteticamente a disposição das comidas, imaginar como são feitas as receitas, descobrir os tempos de cada etapa do fazer… Essa vivência da temporalidade, das transformações e das interações entre elementos são processos presentes também nas relações humanas.

Creative Commons - CC BY 3.0

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