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Como diagnosticar a alergia ao leite de vaca?
Criado em 07/01/16 10h26
e atualizado em 07/01/16 10h39
Por Prefeitura de São Paulo
A alergia ao leite de vaca tem sido uma hipótese diagnóstica aventada cada vez mais frequentemente. Trata-se de um assunto que merece atualização técnica dada à diversidade de manifestações clínicas que podem levar ao superdiagnóstico e como consequência à introdução de dietas e privações alimentares desnecessárias.
Existe uma predisposição individual de reações indesejáveis após a ingestão de determinados alimentos, que são denominadas “Reações Adversas aos Alimentos – RAA” . Essas reações resultam de diferentes mecanismos e podem ser classificadas como:
•Imune-mediadas: designadas como Alergia Alimentar (exemplo: alergia a proteína do leite de vaca);
•não imune-mediadas: designadas como Intolerância Alimentar (exemplo: intolerância a lactose).
Definição e Prevalência
A alergia à proteína do leite de vaca é resultante da sensibilização do indivíduo a uma ou mais proteínas do leite de vaca. Essas proteínas são absorvidas através da mucosa intestinal permeável, desencadeando assim uma reação imunológica.
A introdução precoce do leite de vaca, como substituto do leite humano, é um dos fatores que pode levar a essa doença.
Considerando-se as alergias alimentares de modo geral, sua prevalência nos três primeiros anos de vida está em torno de 6%. Quando se estuda especificamente a alergia ao leite de vaca, estima-se que 2,5% dos recém-nascidos terão reação de hipersensibilidade ao leite de vaca no primeiro ano de vida.
O período de tempo em que o indivíduo permanecerá alérgico também é uma incerteza. Existem trabalhos nos quais se demonstra que 50% das crianças deixam de ser alérgicas ao leite já no primeiro ano de vida; 70% por volta dos dois anos e 85% até os três anos de idade.
Manifestações Clínicas
As manifestações da alergia ao leite de vaca são muito variáveis podendo acometer vários órgãos, sendo a pele, o trato digestivo e o trato respiratório, os mais envolvidos. Os principais sinais e sintomas resultantes da alergia alimentar são:
- Pele: urticária, rubor, dermatite atópica
- Gastrointestinal: prurido e/ou edema de lábios, náusea, dor abdominal, vômitos e refluxo, diarréia, obstipação intestinal, hemorragia
- Respiratório: congestão nasal, coriza, prurido nasal/espirros, edema laríngeo, tosse rouca e/ou disfonia, chiado / tosse crônica
- Cardiovascular: hipotensão/choque, desmaio/vertigens
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito com base em:
1 - Anamnese completa, na qual se valoriza a história alimentar da criança, principalmente o momento da introdução do alérgeno em questão. Tentar resgatar com a família se os sintomas coincidem com a introdução do leite de vaca. Valorizar os antecedentes da criança quanto à presença de outras alergias. Investigar alergia em outros membros da família.
2 - Exame físico: pode evidenciar anemia, lesões de pele e outros sinais conforme as manifestações clínicas predominantes
3 - Exames laboratoriais: a solicitação de exames laboratoriais depende do mecanismo envolvido.
A abordagem sistematizada de cada criança, envolvendo as várias etapas de avaliação, possibilitará o diagnóstico de alergia alimentar.
Considerações Finais
Dada a diversidade de sinais e sintomas presentes na alergia ao leite de vaca, existem inúmeras dificuldades para o seu diagnóstico. A alergia ao leite de vaca é uma das entidades clínicas a ser considerada em certas situações, porém, existem outras patologias de maior prevalência que cursam com manifestações clínicas semelhantes e que não podem ser esquecidas, como a Intolerância a Lactose.
Após episódios de diarréia persistente, a intolerância à lactose pode se instalar, sendo necessário, de início, diminuir o aporte de lactose e acompanhar a resposta clínica. Essa situação é muitas vezes interpretada, desde o primeiro momento, como alergia ao leite de vaca. No entanto, faz-se necessário diferenciar as duas entidades antes do encaminhamento ao especialista.
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