one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Parada LGBT de São Paulo

Imagem:

Compartilhar:

Público trans terá apoio de programa social da prefeitura de São Paulo

Criado em 29/01/15 21h31 e atualizado em 29/01/15 22h07
Por Camila Boehm Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado hoje (29), um programa de apoio a transexuais e travestis foi lançado pela prefeitura de São Paulo. A iniciativa, chamada de Transcidadania, oferece bolsas de R$ 840, oportunidade de estudo e qualificação profissional, a fim de afastá-las da prostituição e da violência que sofrem nas ruas.

Uma das 100 primeiras beneficiárias, a paulistana Aline Marques contou sobre o sonho de ser professora, mas também do pesadelo que era encarar os colegas de classe. O preconceito sofrido na escola, fez com que ela se afastasse dos estudos e, mais tarde, sua única alternativa foi a prostituição.

“Não queremos só estudar, queremos também trabalhar, é por isso que estamos aqui. Precisamos parar com esse estigma de que lugar de travesti é na esquina. Não é na esquina! O nosso lugar é nas escolas, o nosso lugar é nas empresas”, disse já chorando. “Quantas vezes eu lutei para estar no mercado de trabalho e fui negada. E o único lugar que eu encontrei foi a rua, com pessoas traficando perto de mim”, completou.

Ciarah Pitman, que está há cinco anos na cidade e veio do Nordeste, disse que essa é a primeira oportunidade que tem de estudar, e vê isso com muito otimismo. “A partir do momento que você tem conhecimento, tem como estudar, tem um local que te protege e te indica para áreas do mercado de trabalho, você tem um crescimento pessoal e profissional”, disse.

Ela afirmou que transexuais e travestis sempre foram um grupo da sociedade à margem. “Para alguns homens e para a sociedade machista, a gente é da noite. De dia, se desfazem de mim e, à noite, vão lá me procurar”, destacou. “A gente quer mostrar que é capaz de ocupar os mesmos cargos que todos”.

Para o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, travestis e transexuais têm a história marcada por muita violência e intolerância. Ele citou que o Brasil é o país onde mais acontecem assassinatos desse público.

De acordo com relatório divulgado pela organização não governamental international Transgender Europe, entre janeiro de 2008 e abril de 2013 foram assassinados 486 travestis e transexuais no país. “Quatro vezes mais do que no México, que vem logo em seguida”, acrescentou.

Além disso, ressaltou que essa é uma iniciativa inédita na América Latina. “É a primeira vez que um governo latino-americano desenvolve um programa intersetorial nesses moldes, tendo como objetivo dar dignidade a uma população historicamente marginalizada, exposta a tantos riscos, abusos e violações”, afirmou Sottili.

O prefeito Fernando Haddad reconheceu a questão histórica de discriminação, preconceito e violência contra o público trans. “Ao compreender a diversidade no seu sentido mais profundo, [é possível] exigir do poder público as iniciativas necessárias para garantir direitos e promover a reparação quando for o caso. Aqui [no caso de transexuais e travestis], nós estamos diante de uma reparação”, disse.

Ele falou da dificuldade de essa população concluir os estudos, muitas vezes sem o respaldo da família, levando a “uma condição extremamente inferiorizada, sem a sua dignidade respeitada, sem oportunidades garantidas, e aí o universo dessas pessoas vai ficando cada vez mais limitado”.

Por isso, neste programa, a bolsa em dinheiro está condicionada a ações de escolaridade e qualificação profissional. São atividades com duração de dois anos. Entre elas, aulas no ensino fundamental e médio pela Educação de Jovens e Adultos, cursos no Pronatec e também estágio. As aulas têm início em 4 de fevereiro, e as bolsas serão distribuídas também no próximo mês.

Aliado a isso, três abrigos da cidade já foram capacitados para receber o público trans:  um deles com dormitório, reservado somente para travestis e transexuais, na Avenida Zaki Narchi, zona norte da capital; e duas unidades Básicas de Saúde, nas praças da República e da Sé, oferecerão tratamento hormonal.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário