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Moradores do Complexo do Alemão pedem volta de projetos sociais

Criado em 27/04/15 21h31 e atualizado em 28/04/15 08h08
Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil

Moradores de comunidades do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, expuseram nesta segunda-feira (27) para parlamentares e comandantes de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) as necessidades da população local com relação a mais oportunidades culturais, apoio à formação profissional e carência de projetos de inclusão social.

Em reunião na Vila Olímpica do Alemão, lideranças comunitárias afirmaram que projetos que existiam antes da ocupação pelas forças de segurança, em 2010, ou que entraram depois da pacificação, encerraram as atividades. Entre eles foram citados o Fábrica Verde, de reciclagem de computadores e cursos de manutenção e montagem; a TV Complexo, que oferecia cursos na área de audiovisual; e escolinhas de esporte para crianças.

O presidente da Associação de Moradores da Fazendinha, Francisco Arimatéia, dssez que a comunidade está descrente diante de tantas reuniões, tantas promessas e nada na prática. “Com essa, conto 26 reuniões, e as coisas não acontecem. Nós somos chamados, participamos, mas as coisas que são para acontecer, devidamente, não acontecem. A gente vem só para depois não dizerem que a gente não acompanha. Tivemos reunião com o governador [Luiz Fernando] Pezão, com o [secretário de Segurança Pública José Mariano] Beltrame, e está só em reunião. Nós somos obrigados a desacreditar”, ressaltou.

De acordo com ele, não há oferta de atividade fora da escola, e os projetos e obras como o teleférico não são discutidos com a comunidade e não atendem às reais necessidades dos moradores. “O principal, que todos os presidentes das associações querem, é que os projetos venham a acontecer; o futebol, o projeto social, a cultura, os eventos dentro da comunidade, tudo parou. A gente pede que as coisas venham a acontecer, para que o jovem se interesse e tenha opção para escolher, porque hoje a única opção que ele tem é o tráfico”, acrescentou.

A reunião foi organizada pelos deputados federal Alessandro Molon (PT) e estadual Carlos Minc (PT) para discutir questões de segurança. Molon diz que mesmo as reivindicações sociais dos moradores são relacionadas à segurança pública.

Segundo ele, “há, de um lado, a perda de confiança nas autoridades e na polícia em especial, diante de relatos de abusos de autoridade e violência praticados por um mal policial. [Isso] faz com que [se] perca a confiança na proposta de uma polícia de proximidade, e que precisa ser enfrentada. Nosso objetivo era promover essa oportunidade, para que isso fosse dito para as autoridades. De outro lado, tem essa questão social que apareceu e faz parte do contexto. Segurança pública é muito mais do que polícia; também é educação, [acesso] cultural, acesso a esporte e lazer, a iluminação”.

Molon acrescentou que o modelo de ouvidoria itinerante, implantada há um ano com uma equipe de cinco profissionais, não atende à demanda das 38 UPPs. Para ele, é preciso criar canais permanentes para que as denúncias cheguem, sejam apuradas e a comunidade saiba que encaminhamento foi dado. Criada em 1º de maio do ano passado, a Ouvidoria das UPPs recebeu, até o dia 20 de abril, 898 registros, sendo 443 presenciais, 210 por telefone ou fax, 209 pelo site, 29 por e-mail e 7 cartas anônimas. Foram 751 denúncias, 86 elogios e 61 sugestões.

De acordo com o porta-voz da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, major Marcelo Corbage, além da Ouvidoria está sendo feito um trabalho de realinhamento estratégico das UPPs, e tem sido feito, continuamente, um diagnóstico das áreas ocupadas, com dados que chegam pelas ouvidorias e pela inteligência das polícias. Com o novo comando da Polícia Militar, assumido pelo coronel Alberto Pinheiro Neto, em janeiro, também foram tomadas iniciativas para entender, mitigar, dar prazos para investigações e chegar aos responsáveis pelos abusos cometidos.

“Esse trabalho começou na comunidade de São João, em Matriz, com resultados muito satisfatórios, tanto no aspecto policial – em relação a prisões e apreensões – quanto também em projetos de prevenção e projetos sociais que voltaram a essa área, especialmente porque reorganizamos o nosso trabalho com recapacitação técnica dos policiais, através de ações preventivas, ações de inteligência e parceria com as demais secretarias. Conseguimos reduzir o número de confrontos armados, e os serviços básicos à população voltaram”, acrescentou o major Marcelo.

Segundo ele, todos os cerca de 300 policiais do São João passaram pelo treinamento e voltaram para a comunidade. A segunda turma a passar pelo realinhamento, que termina nesta semana, é da Nova Brasília, com cerca de 200 policiais. A próxima turma ainda não foi definida, mas todo o efetivo de 9.543 policiais das 38 UPPs deve passar pelo treinamento, ainda sem prazo para conclusão.

No realinhamento, os policiais saem da comunidade, que fica ocupada pelo Batalhão de Choque, quando é feito o remapeamento. Os agentes vão para o Comando de Operações Especiais e têm aulas teóricas de polícia de proximidade, técnicas de abordagem de pessoas e veículos, primeiros socorros, técnicas de tiro e autoproteção.

O deputado Carlos Minc disse que vai cobrar do governador Pezão – em reunião marcada para o próximo dia 7 – e do prefeito Eduardo Paes que as promessas feitas aos moradores sejam cumpridas. “Esse descrédito e essa quebra de confiança do governo e da prefeitura acaba sobrando para a polícia, que também tem seus erros. Acumula tudo, e quem ganha com isso é a bandidagem. A gente tem visto o tráfico voltar a mostrar mais força. Quem mais perde com isso é a população, que fica no fogo cruzado. Então a palavra chave é confiança”, sentenciou.

 

Editor Stênio Ribeiro

Creative Commons - CC BY 3.0

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