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Criadores culturais pedem ao ministro da Cultura apoio para projetos na Baixada

Criado em 05/08/15 23h19 e atualizado em 05/08/15 23h20
Por Cristina Indio do Brasil - Repórter Agência Brasil Edição:Jorge Wamburg Fonte:Agência Brasil

A Biblioteca do Grupo Comunitário Chcobim, na comunidade do Parque João Pessoa, no bairro de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é o único ponto de cultura do local. Por não ter mais opção costuma reunir jovens, que além da literatura têm planos para teatro, dança e cinema. O recado foi dado pela coordenadora da biblioteca, Maria do Carmo, a Maria Chocolate, durante uma roda de conversa, hoje (5) com o ministro da Cultura, Juca Ferreira, na Sociedade Musical Lira de Ouro, uma das referências culturais do município.

“Quando cheguei há 52 anos em Saracuruna tínhamos dois cinemas, hoje não tem mais. Não tem uma praça. Tem muita criança que fica na rua. Mas a primeira coisa que quero lá é que a gente seja respeitado como gente”, contou a coordenadora, no encontro, que reuniu produtores e artistas da Baixada Fluminense na conversa com o ministro.

Na avaliação de Maria Chocolate, o país está esquecendo de brigar pelo direito da criança ao livro e à leitura. “Só através da leitura, qualquer criança ou qualquer adolescente vai poder se apoderar daquilo que é dele”, apontou.

O ministro admitiu que é preciso incentivar a leitura e a edição de livros no país e defendeu a criação de uma política ousada de livre leitura no Brasil. “É importante disponibilizar bibliotecas ativas com bom acervo e não aquela biblioteca passiva que fica esperando alguém chegar lá e pedir um livro. É biblioteca usina cultural que mobiliza, que promove, que estimula, que dá curso, que cria oficina”, analisou.

Para Juca Ferreira, vai ser preciso fazer uma forte campanha para incentivar o consumo de livros no país. “Eu tenho é uma ambição enorme e algumas pessoas dizem que o ministro pirou, mas não acho piração não: fazer do Livre Leitura, uma campanha tão poderosa no Brasil, semelhante a Fome Zero ou a extinguir com a paralisia infantil”, indicou. Segundo ele, a média de leitura no Brasil é 1,7 livros per capta por ano. “É baixíssimo. É abaixo dos países pobres da América Latina”, considerou.

A falta de apoio dos três níveis de governo aos projetos em todas as áreas para a criação de espaços culturais também foi uma reclamação constante. Fábio Mateus da produtora EncontrArte destacou que é elevada a demanda por consumo de projetos culturais na Baixada Fluminense, mas eles acabam não ocorrendo por falta de espaços. O destino da população, segundo ele, acaba sendo, quando pode, ir para outros centros culturais como o Rio de Janeiro. “Todo mundo já tem a baixada como referência. Não tem que disseminar que são cidades-dormitório, cidades de chacina, acabou. Vamos para frente e tem que crescer com qualidade de vida e de IDH”, disse.

Os participantes defenderam ainda que a construção de cidadania e o fortalecimento da diversidade não podem ser feitos apenas em pontos de cultura, mas precisam de estratégicas complementares. Juca Ferreira informou que o ministério está fazendo a revisão de pontos do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (ProCultura) para que possa surgir uma boa lei de financiamento das demandas culturais da população. O ministro esclareceu que o projeto de lei já foi aprovado na Câmara dos Deputados e está circulando nas comissões do Senado para ser votado em plenário.

“Espero que até o fim do ano a gente substitua a lei Rouanet pelo Pró-Cultura. 80% do dinheiro do ministério é lei Rouanet, é renúncia fiscal, é dinheiro público sendo definido o uso por empresas privadas. Não é possível continuar com isso. É preciso que este dinheiro venha para o fundo e a gente possa de fato atender, seriamente, as demandas que não são só da Baixada”, disse, acrescentando que a região precisa de teatros, centros culturais e de uma política de fomento articulando os três níveis de governo.

Ele destacou ainda a importância dos cineclubes. “Com os meios tecnológicos que temos hoje há possibilidade de mobilidade de ir onde a comunidade está e ter cinema na rua e em espaços fechados”, contou aproveitando para fazer um “convite fraterno” para os governos municipais participarem da construção da política cultural do Brasil junto com artistas e criadores.

Editor Jorge Wamburg
Creative Commons - CC BY 3.0

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