one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Para psiquiatras, o “retrocesso” acabou por ganhar respaldo com o anúncio do financiamento governamental das chamadas comunidades terapêuticas.

Imagem:

Compartilhar:

Contaminação pelo HIV é oito vezes maior entre usuários de crack

Criado em 19/09/13 11h43 e atualizado em 19/09/13 11h59
Por Thais Leitão Edição:Marcos Chagas Fonte:Agência Brasil

 

Modelo adotado em comunidades terapêuticas pode significar volta aos manicômios, alertam especialistas
Estudo aponta, ainda, que diferentemente dos dados internacionais, os usuários brasileiros não são, em sua ampla maioria, ex-usuários de drogas injetáveis (Foto: Tânia Rêgo (ABr))

Brasília - A contaminação pelo vírus HIV entre os usuários de crack no Brasil é oito vezes maior do que na população em geral. Enquanto no grupo das pessoas que consomem regularmente esse tipo de droga ilícita a prevalência é 5%, no conjunto da população brasileira é 0,6%. O dado está na pesquisa Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde.

Leia mais notícias no Portal EBC: 

Pesquisa revela que maioria dos usuários de crack querem se tratar

Adultos jovens são os principais usuários de crack

Número de usuários de crack chega a 370 mil no país

Encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo revela as principais características epidemiológicas dos usuários de crack e outras formas similares de cocaína fumada - pasta-base, merla e oxi - no país e é considerado o maior e mais completo levantamento feito sobre o assunto no mundo.

Os dados também revelam um aspecto que pode estar associado a esse panorama de maior contaminação: mais de um terço dos usuários (39,5%) informaram não ter usado preservativo em nenhuma das relações sexuais vaginais no mês anterior à entrevista. Nas relações sexuais orais o percentual é ainda maior: 50% dos usuários não usaram preservativo. E nas relações sexuais anais a mesma situação foi relatada por praticamente 30% dos entrevistados.

Alem disso, apesar da evidente exposição ao risco, mais da metade dos entrevistados (53,9%) relatou nunca ter feito teste para HIV. Nos municípios que não as capitais, a proporção é ainda maior, chegando a 65,9% de pessoas que jamais fizeram o teste para detectar o vírus HIV.

Outra situação de risco revelada pelo levantamento está relacionada ao compartilhamento de objetos para consumo da droga. A prática é relatada por mais de sete em cada dez pessoas que usam regularmente o crack e similares e desperta preocupação dos especialistas, já que favorece a transmissão de infecções, especialmente as hepatites virais. De acordo com o levantamento, 74,9% dos entrevistados usam a droga em cachimbos; 51,8% em latas de cerveja ou refrigerante e 28,3% usam a droga em copo plástico (com tampa de alumínio). Os pesquisadores ressaltam que o uso de latas e de cachimbos são especialmente perigosos pela possibilidade de contaminação por metais pesados, além do risco de queimaduras e lesões nos lábios.

O estudo aponta, ainda, que diferentemente dos dados internacionais, os usuários brasileiros não são, em sua ampla maioria, ex-usuários de drogas injetáveis, mais fortemente associados à transmissão do vírus da hepatite C e do HIV. O uso desse tipo de entorpecente foi relatado por apenas 9,2% das pessoas.

Além disso, casos de intoxicação aguda – overdose - ocorridos nos 30 dias anteriores à pesquisa foram citados por 7,8% dos usuários. Entre eles, 44,7% disseram que o problema foi em decorrência do uso excessivo do crack, o dobro dos relatos de ocorrência por abuso de álcool (22,4%). Os pesquisadores destacam, no texto, que "a questão é grave, com imenso impacto potencial para a atenção de urgência e emergência no âmbito do SUS [Sistema Único de Saúde], em termos de diagnóstico diferencial das diversas emergências e seu manejo adequado".

Para coletar os dados, cerca de 500 profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais - secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não-governamentais e lideranças comunitárias. Nesses locais, as equipes identificaram usuários, que foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013. Ao todo, 7.381 usuários de crack, em 112 municípios de portes variados - incluindo todas as capitais brasileiras -, responderam às perguntas.

Além desse estudo, os ministérios divulgaram hoje a pesquisa Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, que indica a existência de 370 mil usuários regulares de crack nas capitais brasileiras e no Distrito Federal.

Edição: Marcos Chagas

 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário