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Aldeia Multiétnica: múltiplas etnias, múltiplos saberes

Criado em 26/07/13 17h50 e atualizado em 02/01/15 12h58
Por Ascom/Encontro de Culturas

Pé no chão, curiosidade, pinturas no corpo e devoção pela mãe terra. As atividades da Aldeia Multiétnica começaram legitimando o seu propósito: promover o encontro de etnias indígenas brasileiras e colocar o público em contato direto com as tradições e modos de vida desses povos. Às margens do Rio São Miguel, há 1,5km da Vila de São Jorge, o público que visitou a Aldeia nessa terça-feira, 23, pode vivenciar de perto a integração de diferentes etnias, que, apesar de possuírem costumes variados, carregam consigo a mesma pureza e sabedoria inerente aos povos indígenas.

Entre muitos sentimentos que constroem a aura da Aldeia, a troca de experiências percorre todos os ambientes. Na construção da Casa Krahô, homens da etnia trabalham com quilombolas, público e voluntários que compartilham da filosofia da bioconstrução, aprendendo de perto a tradição que originou muitas das técnicas usadas atualmente. O mesmo sentimento de aprendizado está na cozinha, nos acampamentos e nos olhares que se cruzam entre homens, mulheres, crianças e anciãos. Sob a sombra de árvores nativas do Cerrado, educadoras puxam também brincadeiras de roda e outras práticas lúdicas com as crianças indígenas, no chamado Espaço da Criança.

Cultura Multiétnica

O centro da Aldeia, que permite uma visão panorâmica de todo o ambiente, é o palco aberto para a diversidade multiétnica do Brasil. A primeira apresentação, iniciada no fim da tarde, foi da etnia Mebêngôkre (Kayapó), do Xingu. O que era para ser apenas um preparo da milenar Koku (Festa do Tamanduá Bandeira), se tornou uma grande roda de celebração e reverência. “Nos apresentamos nossa imagem e nossa tradição para o mundo todo saber que ainda hoje existe o índio do Brasil. Cada etnia tem a sua tradição”, explicou o kayapó Mokoka, ao falar sobre as máscaras - vestimentas que representam o tamanduá bandeira.

Seguindo a programação aberta da Aldeia, os recém-chegados Fulni-ô, de Pernambuco, fizeram tremer a terra e os corações de todos que ouviram e viram o Canto Sagrado da Terra, a Dança dos Guerreiros e a Dança Sagrada dos Anciãos. Na Abertura Sagrada com os Irmãos Brancos, o público cantou e dançou o toré junto com os homens fulni-ô, formando um grande espiral. “Essa abertura é para fortalecer a energia da Aldeia com todos juntos”, contou o líder fulni-ô Towê, que puxou todas as danças com sua forte presença e de maracá na mão. Towê é um dos indígenas que lutam pela preservação do Santuário dos Pajés, em Brasília.

Já no anoitecer, os Kayapó apresentaram o ritual da tradicional Festa da Mandioca, com homens e mulheres dançando e cantando juntos. Foi a primeira apresentação com a presença das mulheres, que marcaram o dia com a doçura dos cânticos femininos entoados por jovens, mães e anciãs. Já com o céu estrelado, os Krahô, anfitriões da VII Aldeia Multiétnica, fecharam as apresentações indígenas com a Roda da Formiga, que também integrou o público presente em uma grande dança circular. Não-indígenas, da chamada Tribo do Arco-Íris, continuaram a jornada de rituais, com música, dança e reverência à Mãe Terra em torno da fogueira.
Os anfitriôes Krahô abrem oficialmente a VII Aldeia Multiétnica hoje, 24, com a PEMP'KAHÀÀC - Festa de Iniciação das Crianças.

Tribo do Arco-Íris

“Somos parte da Terra e ela é parte de nós... Somos todos um”. É com o lema da unidade, entoado em músicas durante todo o dia, que a Tribo do Arco-Íris se insere na Aldeia Multiétnica. “Somos uma família, a união de todas as raças e de todas as cores. Estamos aqui para aprender a conviver em harmonia e alegria”, conta Mãe da Lua.Formada por não-indígenas de todas as idades e crenças, o grupo acredita fazer parte de uma tribo profetizada há anos, pelos índios norte-americanos cherokee. Segundo a tradição, surgiria uma tribo formada por guerreiros encarnados por homens brancos e negros, que dançariam em torno da fogueira e voltariam ao contato com a mãe terra.

Aldeia Sustentável

Por toda a VII Aldeia Multiétnica estão espalhadas estações sustentáveis planejadas por permacultores e agroecologistas do Instituto Biorregional do Cerrado – IBC. A ideia é trabalhar a gestão socioambiental em todas as estruturas coletivas da Aldeia e em conjunto com os indígenas. Para isso, todos os dias voluntários do IBC se reúnem com lideranças e caciques e visitam o acampamento das nações para conversar sobre coleta de lixo e uso de valas ou sanitários secos, buscando evitar dejetos na beira do rio. Também pela manhã, educadores saem vestidos de palhaços para sensibilizar as crianças através de brincadeiras.

O trabalho socioambiental é dividido em turnos, por voluntários do IBC e da Tribo do Arco-Íris. As principais atividades envolvem a destinação correta de resíduos. O que é reciclado vai para um galpão em Alto Paraíso e o que é orgânico, para um sistema de compostagem instalado atrás da cozinha da Aldeia. O grupo também construiu um banheiro seco, uma tenda geodésica e bioconstruções com bambu e palhas, seguindo o princípio do biorregionalismo: fazer o que é necessário com os elementos locais da região. “Isso é bom porque a gente fomenta o movimento do comunitarismo e da cooperação, para as pessoas se sentirem parte do processo e deixar o evento mais bonito, afirmou Thomaz Enlazador, do IBC.

Confira as imagens da Aldeia Multiétnica

Creative Commons - CC BY 3.0

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