one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Reforma fiscal do governo prevê demissão voluntária de servidores

Criado em 12/04/16 23h32 e atualizado em 14/04/16 16h55
Por Líria Jade Edição:Luiz Cláudio Ferreira Fonte:Portal EBC

O governo federal enviou ao Congresso Nacional, no final de março, uma proposta de lei em regime de urgência com medidas a serem adotadas caso as despesas dos estados extrapolem os limites autorizados. Trata-se do Projeto de Lei Complementar 257 de 2016, que condiciona o refinanciamento das dívidas de estados e do Distrito Federal com a União e adota medidas de arrocho que incluem suspensão de reajustes salariais e de concursos públicos por dois anos e até a demissão de funcionários concursados. 

O texto ainda prevê a concessão de "licença incentivada para servidores e empregados, que representem redução de despesa". Os estados que aceitarem o acordo terão de tomar medidas de ajuste fiscal, sendo que diversas mudanças provocam impacto para o funcionalismo.

A medida, que faz parte da chamada reforma fiscal, foi apresentada aos parlamentares pelo ministro Nelson Barbosa. O projeto, elaborado em resposta à pressão do Fórum Permanente dos Governadores, alonga por mais 20 anos o pagamento das dívidas dos estados junto à União se forem adotadas restrições de despesas por parte dos governos estaduais. O prazo da dívida dos estados seria alongado, portanto, de 30 para 50 anos, com a assinatura de um termo aditivo com a União. Mesmo se aprovado pelo Congresso, o alongamento não é obrigatório. Isso porque precisa ser assinado por cada um dos governadores.

De acordo com o Ministério da Fazenda , os estados mais endividados podem pleitear um desconto adicional de 40%. Para isso, terão de cortar em 20% a despesa mensal com cargos sem concurso público e limitar as despesas com propaganda a 50% da média dos últimos três exercícios.

Segundo o projeto, o prazo para pagar débitos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também aumenta para mais dez anos.

Contenção de dívidas

A proposta faz parte do pacote de ajuste fiscal iniciado pelo governo, no final de 2014. As medidas englobam um plano de auxílio aos estados e ao Distrito Federal, um limite para o crescimento do gasto, um Regime Especial de Contingenciamento (REC) e a possibilidade de usar depósitos remunerados como instrumento secundário de política monetária.

Enviado à Câmara dos Deputados em 22 de março, o Projeto de Lei 257 aguarda votação no plenário. O projeto tramita em regime de urgência constitucional, o que significa que precisa ser votado até 6 de maio. Passado o prazo, a proposta passa a trancar a pauta. Depois da Câmara, a proposta precisa ser apreciada pelo Senado, em 45 dias.

Reforma em três etapas

De acordo com o projeto do governo, a reforma seria feita em três estágios. No primeiro, caso haja risco de que os limites de gastos sejam extrapolados, haverá restrição nas contratações de pessoal, restrição a reajustes reais de salários de servidores e redução das despesas com cargos em comissão.

O segundo estágio, se necessário, implicará na vedação de aumentos nominais de salários de servidores, ressalvado o reajuste mínimo constitucional, e novos subsídios. Na terceira etapa, conforme já divulgado anteriormente pelo governo, poderá ser vedada alta real (acima da inflação) do salário-mínimo.

Contrapartidas dos estados e DF

De acordo com o anúncio do ajuste feito pelo ministro Nelson Barbosa, serão exigidas contrapartidas dos governos para terem a prazo de suas dívidas alongados pela União. Uma parte delas terá que ser colocada em prática imediatamente após a assinatura do acordo e valerá por 24 meses.

Medidas que afetam os servidores e empregados públicos

Os servidores queixam-se do aumento da alíquota da Previdência e da criação de um regime de contingenciamento que prevê, no último estágio, programas de demissão voluntária. Entre as medidas, está a proibição de concessão de novos aumentos salariais para os servidores. Aumentos já aprovados continuam valendo. Fica vedada, também, a concessão de novos benefícios fiscais para empresas, porém aqueles que estão sendo praticados continuam valendo.

Os Estados terão que limitar, ainda, o crescimento de despesas à variação da inflação. Para isso, não poderão nomear novos servidores, exceto para reposição de aposentados e falecidos. Devem reduzir em 10% as despesas mensais com cargos de confiança em relação a junho de 2014.

Há previsão para que haja uma reforma do regime jurídico dos servidores ativos e inativos, civis e militares. O projeto também prevê o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%, o fim das licenças-prêmio e dos quinquênios. O objetivo é limitar os benefícios, as progressões e as vantagens ao que é estabelecido para os servidores federais.

Não será possível conceder adicionais por tempo de serviço, incorporação de cargo ou de função comissionada, progressões e promoções nas carreiras e converter em pecúnia (dinheiro) quaisquer direitos e vantagens.

Caso as ações de contingenciamento de gastos não seja eficiente, é possível, ainda, a demissão voluntária de servidores públicos e a licença incentivada de servidores e empregados, que representem redução de despesa.

A demissão de servidores públicos estáveis é prevista na Constituição Federal, caso as medidas adotadas para contenção de gastos públicos não sejam efetivas. "Servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal", prevê a Carta Magna.

Quando isso começa a valer?

Essas ações terão que estar em vigor em até seis meses após a assinatura do acordo entre o Estado e a União. Outras exigências feitas pelo governo federal são: a aprovação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal pelos Estados; Instituição de um regime de previdência complementar para os servidores estaduais; Aumento gradual, de 11% para 14%, na contribuição previdenciária paga por esses servidores. 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário