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Latuff: "Cartuns que ridicularizam Maomé dão munição à direita francesa"

Criado em 24/03/15 05h45 e atualizado em 29/04/15 17h22
Por Lúcia Rodrigues Fonte:Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada

Túnis - A polêmica em torno do que é liberdade de expressão e ataques que fomentam o ódio na sociedade ocupou o centro dos debates da mesa redonda que discutiu a importância da charge como ferramenta de resistência à comunicação hegemônica. A atividade que ocorreu nesta segunda-feira, 23, integra o eixo de debates do Fórum Mundial de Mídia Livre que acontece na Universidade El Manar, em Tunis, capital da Tunísia.

Participaram do encontro, os cartunistas Carlos Latuff, do Brasil e Khaled Gueddar, do Marrocos, além do jornalista francês Sébastien Boistel. Em sua intervenção, Latuff argumentou que não se pode confundir liberdade de expressão com ofensas gratuitas. E exemplificou com o caso do jornal Charlie Hebdo, que em 2006, segundo ele, teria organizado um concurso que retratou a figura de Maomé com um turbante em formato de bomba. 

Assista ao vídeo: enquanto faz charge, Latuff fala sobre o caso Charlie Hebdo

Creative Commons - CC BY 3.0 - Calos Latuff fala sobre liberdade de expressão

“Demonstrava que o Islã é a religião da morte. Isso fomenta o ódio contra os muçulmanos e dá munição para a direita francesa”, critica. “É por isso que eu não sou Charlie, apesar de sentir a morte deles”, enfatiza ao explicar que apesar de não concordar com a postura dos profissionais executados no ataque à sede do jornal em Paris, repudia o atentado contra os cartunistas.

Conhecido pelo traço crítico contra as várias formas de opressão representadas pelo Estado, em particular a da violência policial, Latuff destaca que as críticas nunca devem ser feitas para achincalhar pessoalmente. “Não se pode atacar Obama, retratando-o como um macaco.” 

Ele ressalta que é considerado anti-semita pelo Estado isralense por fazer charges com criticas ao governo. “Faço desenhos contra Israel, mas sou taxado de anti-semita, apesar de meus cartuns não serem contra os judeus”, enfatiza. 

“Pode-se fazer a crítica aos líderes religiosos e políticos sem atacar o islamismo. O cartunista tem de ter responsabilidade. Mostrar o traseiro de Maomé é tudo, menos liberdade de expressão”, afirma.

Lei permite

O jornalista francês Sébastien Boistel explica que em seu país há uma lei de 1981 que garante que todos os assuntos podem ser tratados de forma satírica. “A França tem tradição de criticas à burguesia, à igreja. Há uma tradição de caricaturas de caráter racista”, revela.

Ele considera, no entanto, que as charges têm o papel de chocar. “O desenho deve provocar o debate.” Para Boistel, o que incomodou nos cartuns do Charlie Hebdo não foram as referência a Maomé, mas o fato de terem sido apropriadas por jornais de direita. 

O cartunista Khaled Gueddar concorda com o jornalista. “O Estado francês permite isso. A França protege a liberdade de expressão. Quem se sente atingido pode protestar. A liberdade não tem limites, mas há lei para organizar essa liberdade.” 

Khaled ressalta que em Marrocos é proibido fazer charges de qualquer membro da família real. “Não acho que desenhar alguém seja desrespeito. Desenhar o profeta não é desrespeito, o problema é o caráter do desenho.”

Creative Commons - CC BY 3.0

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