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Com saída da Kroll, CPI deve definir rumo na próxima semana, diz deputado

Criado em 13/08/15 20h45 e atualizado em 13/08/15 20h50
Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil Edição:Nádia Franco Fonte:Agência Brasil

O presidente da CPI da Petrobrás da Câmara, Hugo Motta, dispensa o vice-presidente da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada, por exercer direito de ficar calado na comissão (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

CPI  perde  com  a  saída da Kroll, diz o presidente

da comissão, Hugo MottaArquivo/Agência Brasil

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-RJ), disse hoje (13) que a comissão se reunirá na próxima semana para decidir os caminhos da investigação. Motta fez a declaração após a empresa de consultoria Kroll anunciar que não renovará o contrato com a CPI. A Kroll tinha sido contratada para rastrear recursos de corrupção de empresas e pessoas envolvidas no esquema investigado na Operação lava Jato.

“Recebi a notícia pelo e-mail do nosso gabinete. Eles já haviam demonstrado insatisfação com as especulações feitas nos últimos dias – a sede [da empresa em Nova Iorque] estava preocupada”, afirmou Motta. “Com essa decisão, a CPI sai perdendo, porque poderia ter esse apoio. Na semana que vem, em uma reunião, vamos ver como a comissão seguirá”, disse o deputado.

A Kroll atua no ramo de espionagem e, por determinação de Motta, foi contratada para auxiliar a CPI por cerca de R$ 1,08 milhão, para a primeira fase da investigação. Desde o anúncio, a contratação da empresa gerou controvérsias na CPI pelo fato de não revelar ao colegiado os nomes das pessoas que estavam sendo investigadas.

Nesta quinta-feira, a empresa divulgou nota informando que não pretende renovar o contrato com a CPI. "A Kroll informa que não celebrará novo contrato para trabalhos adicionais com a CPI da Petrobras, por não ter alcançado um acordo em relação aos termos contratuais", diz a nota.

"O trabalho que foi definido para o contrato firmado em 8 de abril de 2015 foi concluído em 10 de junho de 2015. Os resultados desse trabalho foram apresentados ao presidente da CPI na mesma data e aos demais membros da CPI, em 16 de junho de 2015", diz o texto, ressaltando que não foram apresentados os nomes dos investigados. "Desde então, a CPI estava negociando com a Kroll a renovação dos trabalhos para uma nova fase.”

Hugo Motta disse que o rompimento do contrato não configura “trabalho perdido”, mas ressaltou que o trabalho seria concluído de maneira mais concreta, com dados substanciais na nova contratação que seria feita. Segundo Motta, o material ficará à disposição dos deputados para que eles se debrucem sobre os resultados apresentados pela Kroll, procurando indícios para a investigação da CPI. “É um trabalho que está sendo concluído na sua metade. Tem que ver o que dá para aproveitar, o que tem de dados, o que pode ser usado pelos órgãos de controle para recuperar esses ativos”, acrescentou.

O anúncio da Kroll foi feito após pressão de parlamentares da comissão para que Motta apresentasse informações com os nomes das pessoas investigadas pela empresa, até então sigilosas. Além de Motta, apenas o sub-relator da comissão, André Moura (PSC-SE), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sabiam os nomes. Com a pressão, Motta revelou aos deputados os nomes dos 12 investigados pela empresa.

A lista apresentada inclui os nomes de Paulo Roberto Costa. ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da empresa e Pedro Barusco, ex-gerente da petroleira, e do doleiro Alberto Youssef e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Também fazem parte da lista o lobista Júlio Camargo; Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene (PP-PR); Julio Faerman, (representante da SBM Offshore no Brasil; e o empreiteiro da UTC Ricardo Pessoa; além de Augusto Mendonça, ex-dirigente da Toyo Setal, e Eduardo Leite e Dalton Acancini, ex-dirigentes da Camargo Corrêa.

Alguns deputados apontavam a possibilidade de que o resultado das investigações pudesse ser usado para fazer pressão política e derrubar delações em caso de informações desencontradas. Após o recesso parlamentar, no retorno dos trabalhos da comissão, o tema gerou bate-boca entre Motta e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). "Fica parecendo que a comissão está usando isso como cortina de fumaça para outros fins”, disse Delgado na ocasião.

Em julho, o presidente da Câmara classificou os arquivos da Kroll de reservados, colocando-os sob sigilo pelo prazo de cinco anos, até 2020, conforme prevê a Lei de Acesso à Informação. A atitude foi vista como uma espécie de interferência nas decisões da comissão. “Não participei, não participo, nem participarei de qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia”, afirmou Cunha, em nota à imprensa.

A manifestação de Cunha foi uma resposta à reportagem veiculada na imprensa destacando que a cúpula da CPI solicitou à Kroll prioridade às investigações sobre o lobista Júlio Camargo, um dos investigados na Operação Lava Jato, que apura denúncias de corrupção na Petrobras. Um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, Camargo disse, em depoimento na Justiça Federal no Paraná, que Cunha pediu US$ 5 milhões para viabilizar contrato de navios-sonda da estatal e exigiu pagamento de propina ao lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

Editor Nádia Franco
Creative Commons - CC BY 3.0

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