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Pesquisadora em mídias sociais, Raquel Recuero analisa excessos na rede

Criado em 28/08/14 16h19 e atualizado em 28/08/14 19h44
Por Leyberson Pedrosa Fonte:Portal EBC

Raquel Recuero
A pesquisadora falou sobre comportamento das pessoas no mundo online e offline e sobre os limites entre o espaço público e privado, (Divulgação / Facebook)

Após o debate sobre como não ser inconveniente nas mídias sociais que aconteceu no programa de rádio Ponto Com Ponto Br (ouça novamente aqui), da Rádio Nacional AM Brasília, o Portal EBC procurou a professora e pesquisadora de mídias sociais, Raquel Recuero, para trazer outras visões sobre os excessos das pessoas durante  postagens nas redes, que podem ser inconvenientes e, muitas vezes, até mesmo desrespeitar algum seguidor ou amigo.

A pesquisadora analisou o comportamento das pessoas no mundo online e offline e falou sobre os limites entre o espaço público e privado. Além disso, destacou uma preocupação das empresas de mídias sociais que buscam saídas para não perderem usuários por causa dos excessos de outros usuários. Leia a entrevista abaixo:

Há um fenômeno crescente de abusos e postagens desrespeitosas nas mídias sociais?

Em nossa pesquisa sobre violência na internet desenvolvemos algumas hipóteses a respeito. Parece-nos, por exemplo, que as pessoas vêem a mediação como um desinibidir. Como você não vê o outro com quem interage, é mais fácil ofendê-lo ou agredí-lo porque as consequências não são imediatamente discerníveis. Não há um feedback instantâneo como na comunicação interpessoal, por exemplo. Isso talvez seja um ponto que reduza o filtro que normalmente está ligado a respeito do que dizemos aos outros. Mas isso não quer dizer que as pessoas passem se agredindo, apenas que é mais fácil, porque há um filtro menor, num momento de irritação, alguém dizer algo de que vai se arrepender depois. 


As pessoas podem estar vendo as mídias sociais como um território sem regras?

A internet, ao contrário da fala, tem uma memória, ou seja, o que é postado é gravado e permanece online (mesmo quando você deleta, alguém pode fazer cópia), ou seja, o impacto é muito maior. Além disso, outro fator é a presença das chamadas audiências invisíveis. O problema da internet, e especificamente das redes sociais online, é que você não sabe tudo o que seus "conhecidos" pensam, porque suas redes são muito mais abrangentes do que offline. Então é muito mais fácil você se sentir ofendido com uma postagem de um conhecido que agride o que você pensa. Só que, quando as pessoas postam coisas, elas imaginam a audiência que está recebendo essa informação. E essa mensagem é direcionada para essa audiência. Entretanto, pelas características específicas das redes sociais online (escalabilidade, por exemplo), sua mensagem chega para outras pessoas que você nem imagina e, muitas vezes, ofende por razões que você também não imagina. E é muito fácil iniciar uma flamewar (conflito) aí.

Leia também:

Aprenda como "barrar" postagens indesejáveis nas redes sociais

Mas se trata de um fato restrito à internet?

É importante salientar que, embora a midia social seja a causadora disso tudo, as pessoas falam na mídia social o que pensam. A questão é que nem sempre aquela piada racista que um indivíduo faz numa mesa de bar vai se espalhar para suas outras conexões porque ele não vai comentar isso em outros círculos. Só que na internet, vai, porque não há uma separação de círculo social. Não é a mesa do bar. E isso vai gerar conflito. Então, nossa impressão durante a pesquisa é que esses abusos existem no cotidiano das pessoas.

Há dicas de como não ser inconveniente no uso das mídias sociais?

Eu sempre digo para os meus alunos que, aquilo que você não diria na rua, publicamente, para um monte de gente, não deve ser dito na internet. É sempre muito difícil filtrar isso, porque você tende a ver seu círculo próximo mais do que os desconhecidos que você adiciona ou que são adicionados pelos seus amigos. Mas é preciso ter sempre isso em mente. É um espaço público, não privado. É preciso agir com essa fronteira em mente. E, por isso, eu acho que a educação nesse sentido é importante também para os mais jovens: eles precisam compreender o que significa esse "estar público", porque suas vidas são muito mais narrativizadas na rede do que as das gerações anteriores.

Os excessos nas mídias sociais poderiam contribuir para o crescimento de um “movimento” de pessoas que saem/deletam sua presença nas mídias sociais?

Sim, claro. Quanto menos recompensadora é sua experiência num site de rede social, maior a tendência que você saia. Sempre é um cálculo entre investimento x benefícios x prejuízos. Mas é preciso que o valor do benefício decaia para muita gente para que exista uma saída em massa. E você vê que o Facebook, por exemplo, tem investido em criar mais filtros, permitindo que você dissocie mais o que quer e não quer receber. É possível denunciar perfis e postagens (embora isso não seja necessariamente eficiente). Mas enfim, há um investimento dessas empresas nesse sentido, justamente porque é um risco.

 

Creative Commons - CC BY 3.0

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