Referência em educação e cultura, a Rádio MEC celebra 80 anos no ar neste 7 de setembro. Apesar de ser sucessora da Rádio Sociedade, criada em 1923, a data no ano de 1936 marca a história da emissora porque naquele ano ela foi doada para o Ministério da Educação, sendo rebatizada de Rádio Ministério da Educação. Hoje, está no ar como Rádio MEC AM 800 e MEC FM 99,3.

Fundada por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize, a Rádio MEC foi pioneira como emissora educativa e fincou as bases para comunicação pública ainda hoje difundida pela rádio.

Atualmente, a programação da MEC AM prioriza a música popular brasileira, os programas infanto-juvenis, a interatividade com o ouvinte e temas como infância, sustentabilidade, inclusão, questões de gênero, literatura, educação e movimentos sociais, entre outros. Enquanto isso, a MEC FM apresenta uma programação voltada para música clássica, com espaço também para outros gêneros musicais. 

Navegue na galeria abaixo e conheça a história e o acervo da Rádio MEC neste especial que celebra os 80 anos da emissora

História

Herança de um ideal de Edgard Roquette-Pinto, considerado pai da radiodifusão no Brasil que viu no rádio a possibilidade de levar educação, informação e cultura para o povo, a MEC teve seus pilares estabelecidos pela Rádio Sociedade, criada em 1923, pelo próprio Roquette ao lado de Henrique Morize.

Em maio de 1936, a Rádio Sociedade estava fixada na rua da Carioca 45, trabalhando para informar e fornecer cultura ao povo com o mesmo idealismo que a originou. Com boa situação financeira, não tinha dívidas, mas foi obrigada a cumprir as exigências de um decreto governamental que exigia a transformação da emissora em companhia comercial, exploradora de publicidade, contrariando os estatutos da rádio e de sua ideologia.

Programa Fórum Educacional
Programa Fórum Educacional, por Acervo/Rádio MEC

A solução foi cumprir o último ato dos estatutos: segundo o texto, na impossibilidade de continuar dentro de seu princípio básico, a rádio seria entregue ao governo. Ficou então decidido entre Roquette-Pinto e o Ministro Gustavo Capanema, titular do Ministério da Educação e Saúde, que a Rádio Sociedade passaria para o controle do Ministério de Educação e Saúde, e que se manteria dentro do seu objetivo de desenvolvimento cultural.

No dia 7 de setembro de 1936, a Rádio Sociedade mudava de nome, passava ao controle do Governo Federal, e adotava como slogan em suas transmissões a frase de Roquette: "Pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil".

Durante todo o período de funcionamento da Rádio Sociedade e da Rádio MEC, diversos intelectuais e personalidades deram sua contribuição à cultura e à educação pela radiodifusão. Entre os que passaram pelas emissoras estão Villa-Lobos, Mário de Andrade, Afrânio Peixoto, Bidú Saião, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino, Fernanda Montenegro, Francisco Anísio, Isaac Karabtchevsky, Guerra Peixe, Manuel Bandeira, Arthur da Távola e muitos outros.

Vocação e novos tempos

Nos anos 1940, já instalada no edifício da Praça da República, onde ficou por mais de 70 anos, a MEC passou transmitir programas didáticos, intercalando aulas de história, geografia, ginástica e idiomas.

Na década de 1970 surgiu o Projeto Minerva, em que a Rádio MEC transmitia em cadeia cursos de primeiro grau, complementados com material impresso. Em pouco tempo o projeto foi ampliado para fornecer formação de segundo grau por meio da radiodifusão.

O apresentador Jansem Campos e o técnico Nielson Soares, na cobertura da Flip 2016
O apresentador Jansem Campos e o técnico Nielson Soares, na cobertura da Flip 2016 , por Produção/MEC AM

No auge da sua história, a Rádio MEC chegou a manter três orquestras: Sinfônica, de Câmara e Afro-brasileira; além de um trio de violino, violoncelo e piano, de um quarteto de cordas, um coral, um conjunto de música antiga e um quadro de solistas e regentes formados por nomes como Francisco Mignone, Eleazar de Carvalho, Alceo Bocchino, Edino Krieger, Marlos Nobre, Guerra-Peixe, Noel Devos, Iberê Gomes Grosso, Abigail Gomes Moura e Altamiro Carrilho, entre outros

Em 10 de maio de 1983, a MEC passou a estar também no espectro FM. A programação de música clássica passou a ser transmitida pela MEC FM, que até hoje mantém quase a totalidade de sua grade dedicada à música de concerto, com janelas de jazz, choro e música instrumental.

A programação diária da rádio inclui agendas culturais de eventos musicais e de artes em geral que ocorrem na cidade e também fora do Rio de Janeiro. A MEC preserva alguns programas históricos como o Ópera Completa, há mais de 50 anos no ar, o Música e Músicos do Brasil e o Momento de Jazz.

Atualmente, a MEC AM Rio de Janeiro permanece como emissora educativa-cultural voltada para a experimentação, conteúdos colaborativos e difusão da música popular brasileira. Na emissora, são priorizados ainda os programas infanto-juvenis, a interatividade com o ouvinte e temas como infância, literatura, sustentabilidade, inclusão, questões de gênero, esportes e movimentos sociais. A MEC AM avança, agora, mantendo sua vocação e explorando novas tendências do rádio a partir das redes sociais e internet.

Fontes:
Livro "Rádio MEC - Herança de Um Sonho", organizado por Liana Milanez; Acervo 70 anos Rádio MEC; Tese de Doutorado “A criança em situação de escuta – uma aproximação à audiência infantil de rádio, de Adriana Gomes Ribeiro.

Colaboração de Sueli Anastacio e Thiago Regotto.

Galeria de imagens - Rádio MEC 80 anos

Navegue na galeria de fotos abaixo e connfira um pouco dos 80 anos desta memorável rádio através de imagens desde o início de sua história até os dias atuais.