Anibal Cavaco Silva Portugal presidente

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Depois de pedir “salvação nacional”, Cavaco Silva se reúne com partidos para tentar acordo

Criado em 11/07/13 20h53 e atualizado em 11/07/13 21h05
Por Gilberto Costa* Edição:Aécio Amado Fonte:Correspondente da Agência Brasil/EBC [2]

Lisboa – O presidente de Portugal Aníbal Cavaco Silva se reuniu nesta quinta-feira (11), em separado, com os líderes dos três principais partidos com representação na Assembleia da República de Portugal. Os encontros foram para tentar um pacto entre as legendas a fim de acabar com a crise política e garantir a estabilidade para execução do programa de ajustamento econômico, acertado desde 2011 com a Troika - Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (CE), credores de empréstimo em andamento (78 milhões de euros).

Cavaco quer que o Partido Social Democrata (PSD), o Centro Democrático Social – Partido Popular (CDS-PP), ambos no atual governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e o Partido Socialista (PS), hoje na oposição, formem juntos um novo governo e antecipem as eleições legislativas de 2015 para 2014. Além disso, as três legendas que há pouco mais de dois anos assinaram o memorando de entendimento com a Troika deverão garantir “a sustentabilidade da dívida pública [3], o controle das contas externas, a melhoria da competitividade e a criação de empregos”.

O teor das conversas dass reuniões entre o presidente da República e as lideranças dos três partidos não foi divulgado. Nesta terça-feira (10), PSD e CDS sinalizaram disposição de diálogo enquanto o PS reagiu contrariamente. A direção do PS está reunida neste momento para ouvir o relato de António José Seguro, secretário-geral do partido, sobre o encontro com Cavaco Silva. Caso as legendas não cheguem a um acordo, o presidente poderá demitir o gabinete de Pedro Passos Coelho, nomear novo governo (de sua indicação ou da Assembleia da República) ou até mesmo antecipar as eleições para este ano [4] – como prefere os partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicalistas.

Enquanto não há um desfecho, o mercado e formadores de opinião reagem. Na contramão de outras economias europeias, a Bolsa de Valores do país fechou em baixa de 2% e subiram os juros que remuneram os títulos da dívida pública de dez anos (6,86%). A reação negativa ocorre apesar do apelo de Cavaco Silva ser a favor da estabilidade política e econômica.

Para o economista Luís Salgado de Matos, do blog O Economista Português [5], o discurso de Cavaco deveria ser “bem recebido” pelo mercado financeiro, pois assinalou compromisso com os credores e a preocupação, no próximo ano, com a solvência de Portugal, “quando os cofres públicos começarão a se esvaziar” e terminam as transferências parciais do empréstimo da Troika.

Já o economista João Rodrigues, do blog Ladrões de Bicicleta [6], desconfia da intenção política do presidente português. “A retórica da salvação na boca de Cavaco é só um truque para tentar manter o PS atrelado ao memorando existente e aos que existirão”, escreveu se referindo a eventual necessidade de Portugal precisar de mais empréstimos.

O escritor Domingos Amaral, que também tem formação em economia, publicou no seu blog [7] que a fórmula de Cavaco Silva, apesar de não estabelecer solução ao problema de fundo de Portugal (a elevada dívida pública), tem o mérito de estabelecer “uma transitória acalmia da hostilidade e da crispação geral” e abrir possibilidade de haver um novo governo “que durante um ano faria o possível para diminuir a austeridade interna sem perder a credibilidade externa”.

Pelas redes sociais o movimento Que se Lixe a Troika [8] descartou a proposta de Cavaco Silva. “Não, não queremos um governo tripartido de destruição nacional que prolongue a agressão ao povo. Queremos a demissão imediata deste governo e que o povo possa decidir o seu próprio futuro!”

No final da tarde de hoje houve protestos nas galerias da Assembleia da República, com gritos de “demissão” contra o governo. O Parlamento analisava projeto de lei que aumenta o horário de trabalho dos funcionários públicos (40 horas) e estabelece programa de mobilidade que pode resultar em demissão.

*Com informações da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e da Agência Lusa

Edição: Aécio Amado

 

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