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Imagem: EUTERS/Marko Djurica/Direitos Reservados

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Para ganhar prata, Diego Hypólito teve que enfrentar quedas, demissão e crise de depressão

Criado em 15/08/16 08h41 e atualizado em 15/08/16 08h59
Por Edgard Matsuki e Patrícia Serrão - Enviados especiais do Portal EBC Edição:Adriana Franzin

Quando Diego Hypólito terminou a série que garantiu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, muitas pessoas lembraram das quedas que ele teve durante as finais nas Olimpíadas em Pequim (2008) e Londres (2012). O que nem todos sabem é que o “fundo do poço” do atleta aconteceu em um momento fora do ciclo olímpico: uma depressão profunda o atingiu em cheio no ano de 2013.

Diego já tinha vivido as emoções de ser considerado o melhor ginasta do mundo, a decepção de perder uma prova em que era favorito e uma série de lesões. Apesar dos altos e baixos na carreira, o ginasta enfrentava os problemas. Até que um golpe vindo do Flamengo, clube em que treinava há muitos anos, o assolou. Diego e toda a equipe de ginástica foram demitidos logo no início da gestão de Eduardo Bandeira de Melo.

Além de conviver pela primeira vez na carreira com o desemprego, Diego teve que se despedir dos amigos e família no Rio de Janeiro. Apesar de ser nascido em Santo André (SP), ele morava na capital fluminense desde 1994, ano em que a irmã Daniele “arrastou” toda família ao ser contratada para treinar pelo mesmo clube. Sem lugar para treinar, ele teve que sair do Rio rumo a São Paulo. E foi aí que ele chegou ao seu pior momento.

A mãe do atleta, Geni Matias Hypólito, percebeu que algo não estava bem: “Eu achava que ele estava estranho quando fomos para um campeonato lá no Rio Grande do Sul. Ele viajou, mas não pode competir porque estava sem clube. Ficou triste. Ele treinava no Pinheiros, mas não era atleta do time. Quando voltou para São Paulo para treinar, ele só chorava. Era um sábado. Ligaram para mim, mas eu não tinha como voltar no dia. Aí eu vim no outro dia e fiquei com ele”.

O diagnóstico era de depressão. O acúmulo de estresse derrubou Diego e ele parou de competir. O pai Wagner Hypólito, motorista, se afastou do trabalho para cuidar do filho. “Você vê que o filho está passando por uma situação que você não quer que ele passe e fica muito preocupado. Eu peguei dez dias naquele tempo que deu essa depressão. Fui para São Paulo cuidar dele”, conta. “Foi muito pior do que a tristeza da derrota nas Olimpíadas. Não se compara”, completa.

No pior momento da vida, a ajuda da família e dos médicos foi fundamental. Diego chegou a ficar internado e tomou remédios para controlar a doença. O pior da depressão durou 15 dias. “A gente ajudou, amigos ajudaram e teve um dia que ele falou que ia jogar tudo fora e voltar para a ginástica”, conta o pai. A partir daí, as coisas mudaram para o atleta.

As derrotas se transformaram em lições e Diego passou a não dar tanta bola para a pressão de vencer. “Me preparei muito mais emocionalmente do que tecnicamente. Tecnicamente, eu deixei com Marquinhos (Goto, técnico). E fui, mentalmente, tentar me tranquilizar, e não exceder na ansiedade de competir”, conta Diego.

Os resultados começaram a aparecer aos poucos. Diego ganhou um bronze no Mundial de Ginástica em 2014, conseguiu um clube (o Asa, de São Bernardo do Campo) no mesmo ano e só não foi aos Jogos Pan-Americanos de Toronto por causa de uma lesão (mais uma). Em 2016, conseguiu a vaga para mais uma Olimpíada.

Nos Jogos do Rio, o clima era diferente. Diego já não era mais o número 1 do Brasil (cargo hoje é de Arthur Zanetti) e não era favorito em relação a medalhas. Pressão zero. “Eu não vinha com o objetivo de ser medalhista e sim com o objetivo de fazer o meu trabalho, passar o treinamento para a hora da competição. Nesses jogos, eu curti muito. Não de balada, alimentação. Foi muito diferente. Eu estava muito feliz”, conta.

O resultado não poderia ser outro: com a cabeça boa e sem a obrigação, Diego surpreendeu (desta vez positivamente) e garantiu a prata. Após a prova e a medalha, ele disse que quer continuar surpreendendo: “Em Tóquio eu continuo. Vai ter Diego em Tóquio, sim”. Se conseguir se classificar, vai disputar os jogos com 34 anos. Nada excepcional para quem superou tantos problemas e levou a prata aos 30.

Creative Commons - CC BY 3.0

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