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Dinheiro

Imagem: Marcos Santos / USP Imagens / Creative Commons

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Resgate líquido não afeta confiança na dívida pública, dizem economistas

Criado em 01/03/15 09h47 e atualizado em 01/03/15 10h17
Por Wellton Máximo Edição:Armando Cardoso Fonte:Agência Brasil

O resgate líquido de títulos públicos em 2014 não representa a desconfiança dos investidores nos papéis do governo. Pelo quarto ano seguido, saíram de circulação mais títulos que o Tesouro Nacional emitiu. Apesar disso, economistas ouvidos pela Agência Brasil dizem que o processo facilita a administração da Dívida Pública Federal (DPF) e impede que o governo pagasse juros mais altos em momentos de turbulência na economia.

Por meio dos títulos públicos, o Tesouro pega emprestado dinheiro de investidores para honrar os compromissos. Em troca, compromete-se a devolver o montante acrescido de juros, que podem seguir a Selic (taxa básica da economia), a inflação, o câmbio ou serem prefixados (determinados com antecedência). Uma medida da confiança em relação à dívida pública é a capacidade de o Tesouro continuar a emitir títulos e rolar (renovar) o endividamento.

Em 2014, o Tesouro, mais uma vez, não conseguiu rolar 100% da DPF. No ano passado, os vencimentos e as recompras superaram as emissões de títulos, totalizando um resgate líquido – diferença entre resgates e emissões – de R$ 70,2 bilhões. A DPF, que encerrou o ano passado em R$ 2,296 trilhões, cresceu 8,1%, exclusivamente por causa da atualização dos juros sobre o estoque da dívida.

Em 2013, o resgate líquido tinha sido ainda maior, atingindo R$ 103,2 bilhões. A última vez em que o Tesouro Nacional conseguiu renovar toda a dívida pública foi em 2010, quando as emissões tinham superado os resgates em R$ 27,5 bilhões.

Apesar de o governo não ter conseguido rolar a dívida pelo quarto ano seguido, economistas dizem que a sequência de resgates líquidos nos últimos anos não indica perda de credibilidade dos investidores em relação à capacidade de o Tesouro honrar os compromissos. Eles consideram que a equipe econômica agiu com prudência para impedir que as turbulências na economia contaminassem a dívida pública brasileira.

“Na verdade, o Tesouro emitiu menos do que resgatou, porque, em alguns momentos de instabilidade, os investidores pediam juros muito altos para comprar os papéis. O governo, então, decidiu não vender os títulos para não sancionar [reconhecer] as taxas mais altas, que dificultariam a administração da dívida pública”, explicou o professor de economia Francisco Lopreato, da Universidade de Campinas (Unicamp).

Segundo Lopreato, em 2013, o motivo para o resgate líquido foi outro. Para melhorar a composição da dívida interna, o Tesouro retirou de circulação um volume significativo de papéis atrelados à taxa Selic, principalmente dos fundos extramercado – fundos do governo que não operam no mercado financeiro, mas compram títulos públicos. Os títulos públicos corrigidos pela Selic são mais arriscados. Eles aumentam o endividamento do governo quando o Banco Central reajusta os juros básicos da economia, como tem ocorrido desde o ano passado.

Economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa também discorda que os resgates líquidos representem desconfiança dos investidores em relação ao governo brasileiro. “De fato, o Brasil atravessa águas turbulentas, mas tem uma dívida pública não muito alta em relação a outros países e com boa composição”, acrescentou. “Hoje, o país não emite mais títulos cambiais, que fariam estrago na dívida com a desvalorização do real.”

Para Rosa, os resgates líquidos estão ligados à própria política de gestão da dívida pública, que tem por objetivo impedir que juros mais altos contaminem o estoque. “É importante lembrar que o Tesouro tem uma grande reserva para pagar alguns meses de vencimentos da dívida pública. Ele lança mão desse instrumento em momentos de instabilidade, quando prefere não vender títulos”, explica.

 

Creative Commons - CC BY 3.0

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