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Fotografia de João Belchior Marques Goulart, deputado federal eleito, Getúlio Dornelles Vargas, presidente da República eleito, e Manoel Antônio Sarmanho Vargas em uma fazenda no sul do país - – 1951

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Suicídio de Getúlio Vargas adiou golpe militar por 10 anos, apontam historiadores

Criado em 22/08/14 15h07 e atualizado em 25/08/14 18h43
Por Leandro Melito Fonte:Portal EBC

A comoção popular causada pela morte de Getúlio paralisou as forças que estavam prontas para o golpe, com o pedido de renúncia do presidente apresentado pelas Forças Armadas. "O país jamais assistira a tamanha comoção popular", registra Lira Neto, autor da biografia sobre Getúlio em três volumes. Cerca de 100 mil pessoas foram se despedir de Getúlio, enquanto sedes e carros de reportagem da Tribuna da Imprensa e de O Globo eram atacadas pelos mais exaltados. “Ele provoca uma comoção popular tão forte que neutraliza esse cerco dos adversários, que se vêem temporariamente sem chão e sem perspectiva", afirma Lira Neto em entrevista ao Portal EBC

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Essas forças, no entanto, vão voltar dez anos depois com o Golpe Militar que destiuiu o então presidente João Goulart e instaurou no país 21 anos de Ditadura Militar. "Essas pessoas que assinam o manifesto [contra Getúlio] passam dez anos reagimentando forças e fazendo com que em 1964, exatos dez anos depois, o golpe que tinha sido planejado contra Getúlio vai ser executado contra o herdeiro político do Getulismo, o Jango", afirma Lira Neto. Assista trecho da entrevista com o biógrafo de Getúlio

Entre os signatários do "Manifesto dos Coronéis" que pediam a renúncia de Getúlio, muitos deles, promovidos a generais, teriam papel fundamental no golpe que destituiu Jango, como Sylvio Frota, Ednardo D'Ávilla Melo, Golbery do Couto e Silva, Antônio Carlos Muricy e Amaury Kruel. Carlos Lacerda, principal opositor de Getúlio seria eleito deputado federal nas eleições de 1955 e se torna governador do então estado da Guanabara em 1960, sendo um dos principais incentivadores do Golpe de 1964. 

O ministro Jango e o acirramento da crise

Em 1953, no terceiro ano de seu mandato como presidente eleito pelo voto, e sentindo-se cada vez mais isolado, Getúlio chamou Jango para assumir o ministério do Trabalho. Era uma tentativa de reaproximação das classes trabalhadores, devido à grande penetração de Goulart entre os trabalhistas,  já que greves pipocavam por todo o país. Mas a nomeação de Jango, acabou por acirrar ainda mais os ânimos e agravar a crise. "A nomeação de Goulart para o ministério do Trabalho acirrou ainda mais o conflito, incentivando contatos políticos entre udenistas e facções das Forças Armadas. A opção pelo golpe, que amadurecia desde a posse de Vargas, tornou-se irreversível", aponta o historiador Jorge Ferreira em seu livro Jango.

A proposta elaborada por Jango como ministro que mais incomodou os opositores ao governo foi o aumento do salário em 100%. O nível de tensão gerado pela proposta gerou tamanha reação entre os setores conservadores que Getúlio se viu obrigado a demitir Jango para acalmar os ânimos. Assista a trecho da entrevista com Lira Neto

O herdeiro político de Getúlio

Getúlio e Jango no Rio Grande do Sul
Fotografia de João Belchior Marques Goulart, deputado federal eleito, Getúlio Dornelles Vargas, presidente da República eleito, e Manoel Antônio Sarmanho Vargas em uma fazenda no sul do país - 1951 (Arquivo Nacional / Agência Nacional)

A carta-testamento deixada por Getúlio Vargas e transmitida pelas rádios no dia 24 de agosto de 1954, após o suicídio do ex-presidente, foi lida em seu enterro no Rio Grande do Sul por João Goulart. Ele foi chamado ao Palácio do Catete por Getúlio na noite do dia 23. O presidente então pediu que deixasse o Rio de Janeiro em direção ao Sul e entregou um envelope com a recomendação de fosse aberto apenas quando já estivesse em voo.

O momento exato em que Jango abriu o envelope é incerto. O jornalista Joel Silveira em seu livro A Feijoada que Derrubou o Governo, afirma que Jango leu pela primeira vez a carta no dia 24, ainda no Rio de Janeiro, logo após saber da morte de Getúlio, enquanto se dirigia ao Palácio do Catete. Já o historiador Jorge Ferreira, na biogragia João Goulart, afirma que o envelope seria aberto após o enterro de Getúlio, no Rio Grande do Sul, depois que Jango já havia lido aos presentes em tom de indignação a carta-testamento.

Nas eleições que ocorreram em 1955, ano sequinte à morte de Getúlio, Jango é eleito vice-presidente de Juscelino Kubitscheck. Quatro anos depois é eleito vice-presidente, dessa vez de Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio, ele assume em 1961 a presidência do país, mas permanece no cargo apenas três anos, até ser derrubado pelos militares.

Aproximação

João Goulart nasceu em São Borja (RS), a mesma cidade natal de Getúlio. Seu pai, Vicente Goulart era amigo pessoal do ex-presidente. Jango se aproximou de Getúlio, pessoal e politicamente, durante o período que o ex-presidente se refugiou em São Boja, após ser destituído do poder por meio de um golpe militar em 1945. Até ali Jango era um estancieiro que cuidava das terras e das cabeças de gado de sua família. Após o convívio com Vargas, ele decide entrar na política. No final daquele ano, Jango se engaja na campanha presidencial que elegeria o presidente em 12 de dezembro e  passa a ser um dos principais articuladores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado por Getúlio. 

No ano seguinte, Goulart inicia sua campanha para deputado estadual e é eleito em 1947. Dois anos depois, em 19 de abril de 1949 ele anuncia a candidatura de Getúlio para presidência durante uma comemoração do aniversário de Vargas na Granja São Vicente. Nas eleições em que Getúlio chega à presidência, Jango é eleito para a Câmara dos Deputados, tornando-se o segundo candidato mais votado do PTB no Rio Grande do Sul.

 

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