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Imagem: Junior Aragão/Campus Online

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Em clima de Festival: as majors no Fórum de Coprodução Internacional

Criado em 23/09/15 11h02 e atualizado em 23/09/15 15h18
Por Sólon Nicolás* Fonte:Campus Online

Durante o 48° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, muito se comentou sobre o clima do evento: o encontro de diretores, produtores, atores e equipe técnica de diversas realizações nacionais proporcionou um momento único no qual muito aconteceu para além da exibição de filmes e a premiação. Uma das atividades paralelas desta edição foi o Fórum de Coproduçao Internacional, realizado no Kubistchek Plaza Hotel entre os dias 16 e 17 de setembro, dividido em três mesas de debates.

As grandes produtoras e distribuidoras de filmes dos Estados Unidos, conhecidas como majors, atualmente compostas por Columbia, Disney, Fox, Paramount, Universal e Warner, estiveram presentes no Fórum, representadas pelo advogado da Motion Pictures Association (MPA), associação que representa os interesses das seis empresas conjuntamente, Ricardo Castanheira.  A fala de Castanheira na mesa dois, que debatia “Desafios da coprodução”, pouco versou sobre este tema: buscava, exclusivamente, aliciar defensores para seu projeto de desmantelamento das politicas nacionais voltadas para o setor audiovisual.

O desmantelamento promovido pelas majors diz respeito à defesa de mercados aberto. O estado não teria nenhuma intervenção, nem mesmo o incentivo ou fomento para as produções audiovisuais. Esse mercado totalmente neoliberal tenderia ao domínio da produção nacional pela indústia cinematográfica hollywoodiana sem a possibilidade de construção cultural independente. A atuação da MPA é conhecida em todo o mundo como dominação do mercado cinematográfico. Por isso,é surpreendente o apoio recebido pelo advogado por parte do público que frequentou o Fórum, o qual lida justamente com a produção de filmes nacionais.

Fórum de Coprodução no Festival de Brasília 2015
Fórum de Coprodução no Festival de Brasília 2015. Foto: Júnior Aragão/Campus Online

Momentos antes, na mesa um, que versava sobre o tema “Os festivais de cinema e a coprodução”, Shari Frilot, curadora do Sundance Film Festival, admitiu que este festival já não é mais completamente independente. O Sundance funciona também como um outlet para as majors. Isso quer dizer que, antigamente, o festival se mostrava como uma alternativa às empresas menores de produção cinematográficas. No entanto, as grandes empresas transformaram-no em um lugar onde filmes, roteiros e diretores são comprados por elas por um valor irrisório. O Sundance foi criado em 1978 como mecca para o cinema alternativo dos Estados Unidos.

A contribuição de Manoel Rangel, diretor-presidente da Agencia Nacional do Cinema (ANCINE) foi essencial em sua incansável defesa do cinema nacional durante a mesa três, que versou sobre “Acordo e práticas de coprodução”. Em resposta ao Alfredo Manevy, da SP Cine, que sugeriu co-produções entre os estados como maneira de fomentar a indústria local, Rangel foi categórico em dizer que não se pode separar a produção em “cinema paulista ou carioca, toda a produção diz respeito ao cinema brasileiro”. Para garantir o crescimento cultural, ele mencionou a integração entre países do Mercosul e outros latinos, por meio da Ibermedia.

O modelo de fomento ao audiovisual brasileiro pode e deve ser melhorado, mas sua completa desregulamentação não seria a solução: serviria apenas aos interesses das majors em aniquilar por completo o cinema nacional e latino-americano. Outros palestrantes do Fórum, como Marelo Panozzo, do Festival Internacional de Cine Independiente de Buenos Aires (BAFICI), Fabiano Gullane, sócio da produtora paulista Gullane, que tem no currículo filmes bem sucedidos como  “Bicho de Sete Cabeças” e  “Que horas ela volta?”,  e Alejandro Pelayo, da Cineteca México, trouxeram relatos que poderiam inspirar uma sistematização de boas práticas.

Panozzo apresentou como o BAFICI privilegia realizadores iniciantes, dando possibilidades e espaço para quem não consegue disputar com realizadores já renomados. Gullane relatou coproduções que diversificaram o conteudo criativo, com países como China, Itália e Japão, e que tambem contribuíram como investimento externo direto. Pelayo discutiu a necessidade da curadoria das salas de exibição, provando a capacidade de sucesso do cinema latino-americano com o expressivo publico registrado na Cineteca México. Estes são caminhos necessários, que instigam o clima do festival para trabalhar a favor do desenvolvimento do nosso cinema.

 

*O Portal EBC e o Campus Online - jornal laboratório de jornalismo da Universidade de Brasília - estão fazendo a cobertura do 48º FestBrasília em parceria, por meio do canal Colaborativo. Para acompanhar as notícias, clique na imagem acima.

Edição: Thaís Ellen - Campus Online
Supervisão: Ana Elisa Santana - Portal EBC

Creative Commons - CC BY 3.0

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