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Cidades satélites do DF marcaram presença no 48° Festival de Brasília

Criado em 24/09/15 09h59 e atualizado em 24/09/15 12h42
Por Thaís Ellen Fonte:Campus Online

Um dos eventos mais tradicionais de Brasília marcou a semana com fortes narrativas. O 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) deu espaço às produções nacionais, com destaque para o audiovisual local. A Mostra Brasília tentou integrar regiões administrativas do DF que recebem poucos eventos culturais. O evento trouxe 14 curtas metragens, onde pelo menos quatro deles tinham temáticas referentes às periferias de Brasília.

As sessões de cinema das mostras Brasília e Competitiva que aconteciam em outras cidades satélites não foram realizadas nesta edição. Apenas o Festivalzinho - produções voltadas para o publico infantil - ocupou as manhãs nos teatros do SESC em Taguatinga, Ceilândia e Gama.  A moradora de Ceilândia e estudante da UnB Árina Cintia afirmou que não exibir esses filmes nas outras regiões do DF desfavorece a cultura. “Eu acho que [o Festival] tem que continuar a ser descentralizado. Para mim é uma grande desvantagem”, comentou, lamentando a falta de incentivo deste ano.

Apesar disso, as regiões administrativas tiveram boa representatividade na Mostra Brasília, evento criado para estimular a produção audiovisual do Distrito Federal. Ao contrário do que se poderia imaginar, a Mostra concentrada no Cine Brasília, na Asa Sul, facilitou a integração de pessoas de diferentes realidades. “Eu acho que estava bem plural, não só pela presença da gente como pela representatividade da tela”, observou Árina.

Com direito à manifestação contra o aumento da tarifa no transporte público, realizado pelo Movimento Passe Livre, cerca de 40 pessoas da equipe e do elenco de “Setor Complementar” subiram ao palco. O diretor, Tiago Rocha, afirmou que esse ato é uma maneira de emponderamento. “Querendo ou não, todos esses espaços são de voz e por consequência, de poder. Então você poder ser representado e se representar é muito importante”, ressaltou. O curta expõe as contradições de mobilidade urbana em uma região administrativa que compreende a Cidade Estrutural, e a Cidade do Automóvel.

Protesto do movimento Passe Livre no Festival de Brasília
Protesto do movimento Passe Livre no Festival de Brasília. Foto: Sólon Nicolás/Campus Online

Outra produção que merece destaque na representação da periferia é o curta “Faz seu Corre”. O filme foi dirigido por Ricardo Palito, morador de Ceilândia, e produzido por uma equipe integralmente formada na cidade satélite. O diretor declarou que ao contrário do que a grande mídia apresenta sobre a periferia, essa é uma produção que mostra a realidade de quem mora na cidade. “Esse é um curta produzido pela periferia para a própria periferia”, afirmou Palito.

“O Melhor Fotógrafo do Mundo”, dirigido por Fáuston da Silva, apesar de não pautar questões estritamente periféricas, tem sua história situada na cidade de Valparaíso (GO), entorno do DF. O último vídeo que faz menção às cidades satélites, “O Sal dos Olhos”, foi dirigido por Letícia Bispo,  ex-estudante de audiovisual da Faculdade de Comunicação da UnB. Bispo conta que, apesar de as filmagens terem sido feitas no Gama, a intenção era de que pessoas de qualquer lugar fora do Plano Piloto pudessem se identificar. A diretora nota que, nesse ano, o Festival abriu mais para as narrativas periféricas. “Eu acho que houve um interesse maior esse ano, embora ainda esteja em menor número”, comentou.

O músico e ator Marquim do Tropa participou da comissão de seleção dos filmes do Festival neste ano. De acordo com ele, por haver mais de 100 filmes inscritos, a seleção foi muito difícil. Ele assumiu que houve certa tensão para a escolha dos filmes da periferia. “Quando se trata de filme da ‘quebrada’, infelizmente, a gente ainda recebe aquele velho preconceito”, declarou. Apesar disso, ele admitiu o orgulho em ter conquistado espaço entre os selecionadores. “Eu sempre vou defender a bandeira do lado da ‘perifa’”, disse.

Marquim é morador de Ceilândia desde 1970. O cantor e compositor de rap recebeu diversos prêmios no âmbito do audiovisual, dentre eles o de melhor ator, pela participação no filme vencedor do Troféu Câmara Legislativa no Festival de 2014, “Branco sai e Preto Fica”.

*O Portal EBC e o Campus Online - jornal laboratório de jornalismo da Universidade de Brasília - estão fazendo a cobertura do 48º FestBrasília em parceria, por meio do canal Colaborativo. Para acompanhar as notícias, clique na imagem acima.

Edição: Lucas Santos - Campus Online
Supervisão: Ana Elisa Santana - Portal EBC

Creative Commons - CC BY 3.0

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