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Membros das Farc viajam à Noruega para acordo de paz com o governo colombiano

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Entenda as negociações entre governo colombiano e as Farc

Criado em 07/11/12 10h53 e atualizado em 21/11/12 17h48
Por Thiago Pimenta Fonte:EBC

O presidente colombiano Juan Manuel Santos
O presidente colombiano Juan Manuel Santos (Agência Telam)

No  dia 19 de novembro, o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) retomaram as negociações para o fim do conflito civil no país. O evento estava previsto para o dia 15 de novembro, mas foi adiado. Entre os dias 15 e 18 de novembro, foi realizada uma reunião técnica para fechar detalhes sobre meios de participação cidadã.

As delegações se reunirão diariamente durante dez dias em sessões conjuntas pelas manhãs, para tratar do primeiro ponto da agenda, o tema da terra e o desenvolvimento agrário. No período da tarde, cada uma trabalhará em separado. A agenda prevê reuniões durante cinco dias, um recesso de um dia e outras quatro jornadas de trabalho.

As recentes negociações começaram oficialmente no dia 18 de outubro na cidade de Oslo, capital norueguesa, quando ocorreu a instalação pública da mesa de negociações pela paz.

A primeira fase do processo de diálogo começou em fevereiro deste ano com reuniões reservadas celebradas em Cuba e concluiu pelo Acordo Geral. As negociações que começarão em Havana são consideradas a segunda fase do diálogo. A terceira e última fase do processo será a verificação do cumprimento dos acordos.

Histórico

Em 1964, com influência de Fidel Castro, opositores do governo colombiano inauguram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP). A ideia dos manifestantes era criar um estado marxista, defendendo os princípios socialistas. Na ocasião, por influência dos Estados Unidos, o exército colombiano tentou expulsar os opositores, provocando um movimento revolucionário no país.  Desde então,  teve início uma guerra civil na Colômbia que perdura até os dias atuais.

Como resposta, em 1968, o governo colombiano decreta uma lei para a criação de um exército de direita que combateria os revolucionários. No

Iván Marques, porta voz da guerrilha colombiana Farc
Iván Marques, porta voz da guerrilha colombiana (Télam)

entanto, o controle escapou das mãos do governo e a consequência foi a fundação de uma nova organização: Autodefensas Unidas de Colômbia (AUC). A partir desse episódio surgem também as milícias de direita.

Em resposta, no início dos anos 80, para angariar fundos de financiamento da guerra, as FARC começaram a praticar tráfico de drogas e sequestro de civis, iniciando uma série de mortes que dura desde os anos 60. Além da atuação das Farc, existem também outras milícias no território colombiano. A segunda maior é o Exército de Libertação Nacional (ELN), criado em 1965, um ano depois da criação das Farc. O ELN, que teve origem em valores inspirados pela Teologia da Libertação, atualmente é o segundo maior grupo de milicianos no país. Além disso o ELN é o responsável por grande número de sequestros ocorridos na Colômbia.

Números

As Farc, que contabilizavam cerca de 20 mil guerrilheiros nos anos 1990, foram alvo nos últimos anos, das forças militares colombianas com o apoio dos Estados Unidos. Atualmente, analistas independentes defendem um número de 10 a 15 mil homens envolvidos nas Farc, enquanto dados oficiais do governo declaram um número de 8 mil. A milícia está presente em pelo menos 15% do território colombiano. Estima-se que a violência dos movimentos no país já tenha matado aproximadamente 30 mil pessoas, desde a década de 60.
Segundo pesquisas de opinião pública, as Farc contam com 93% de rejeição da população colombiana.
Negociações

Governo colombiano e Farc anunciam acordo para negociações
Governo colombiano e Farc anunciam acordo para negociações (Télam)

O processo de negociações varia com a postura do presidente da época. O atual presidente colombiano Juan Manuel Santos tenta uma negociação por meio de discussões com os grupos milicianos. Há cerca de um ano e meio, Santos articula com o comando das Farc um cessar-fogo e um acordo de paz. Por outro lado, o ex-presidente Álvaro Uribe defendia uma intervenção militar ostensiva para conter a ação das Farc. Além disso, o pai de Uribe também foi assassinado pela milícia em 1983.

A história política da Colômbia registra três tentativas de negociação com as Farc: uma entre 1984 e 1987, com o ex-presidente Belisario Betancur; outra em 1991 e 1992, com o ex-presidente César Gaviria; e ainda uma terceira, de 1999 a 2002 com o ex-presidente Andrés Pastrana.

Narcotráfico

O narcotráfico foi um dos maiores responsáveis pelo fortalecimento das Farc na década de 90, e de outras milícias organizadas na Colômbia, como os Neoparamilitares ou Bacrim, que atuam de forma menos ostensiva no país. No entanto, apesar de as Farc estarem envolvidas com o tráfico de drogas, seus integrantes são proibidos de consumi-las. Em 2000, os Estados Unidos fizeram uma oferta financeira para fomentar programas anti-drogas da Colômbia. Atualmente a Colômbia lidera a produção mundial de cocaína, com uma estimativa de 345 toneladas em 2011. Mais de 100 mil famílias camponesas no país realizam o cultivo da folha de coca, até mesmo em áreas de influência das Farc, que os obriga ao pagamento de impostos.

Problemas Humanitários

Em 2011, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) registrou mais de 760 alegadas violações do Direito Internacional Humanitário e de outras normas básicas cometidas nas áreas de conflito na

Membros das Farc viajam à Noruega para acordo de paz com o governo colombiano
Membros das Farc viajam à Noruega para acordo de paz com o governo colombiano (Télam)

Colômbia. Mais de 150 mil pessoas recorreram à instituição em busca de direitos como assistência de emergência para deslocados, acesso à saúde, recuperação de restos mortais, pagamento de gastos fúnebres, traslados em caso de ameaças, visitas a detidos e facilitação para liberar pessoas em poder de grupos armados.

Estima-se que tenha havido, nos últimos 30 anos, 600 mil mortos, por ações de grupos armados, cerca de 3,7 milhões de deslocados internos pela violência e 15 mil desaparecidos. Uma das vítimas atendidas pela Cruz Vermelha conta que homens armados entraram em sua casa, enquanto estava sozinha com o filho de dez anos. A vítima, após ser acusada de colaborar com os outros, foi estuprada por três homens. Depois disso, ainda precisou caminhar doze horas com seu filho até chegar à cidade.

Nas áreas de confronto, moradores têm dificuldades de acesso aos serviços básicos como assistência à saúde, educação, água e transporte. Além disso, eles precisam lidar com as acusações de colaborarem com alguma das partes envolvidas no conflito.

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