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Onde estão os médicos do Brasil?

Criado em 10/06/13 13h20 e atualizado em 11/06/13 13h52
Por Noelle Oliveira* Edição:Priscila Ferreira Fonte:Portal EBC

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A Região Sudeste já alcança 2,67 médicos por mil habitantes. A proporção é praticamente a mesma do Reino Unido que, de acordo com o Ministério da Saúde, conta com 2,7 médicos para cada grupo de mil habitantes (João Goulão/Creative Commons)

Uma oferta de mais de 100 vagas de emprego cujos salários iniciais são de R$ 10.412 para se trabalhar quatro horas por dia, de segunda a sexta-feira. Se a jornada for de oito horas, a quantia dobra, chegando a quase R$ 21 mil. Essas são as condições oferecidas pelo concurso público lançado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, na última quarta-feira (5), a fim de selecionar médicos temporários para o sistema de saúde público local. A demanda acontece justamente porque, historicamente, o órgão não consegue manter completo o quadro de profissionais de que necessita, mesmo com a significativa remuneração ofertada.

É justamente o DF a unidade da federação que registra a maior proporção de médicos por habitantes do Brasil: São 4,09 profissionais para cada grupo de mil pessoas. Os números são da pesquisa Demografia Médica no Brasil, patrocinada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), e divulgada em fevereiro de 2013. A média nacional, por sua vez, é de dois médicos para cada mil brasileiros.

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Isso não significa, porém, que em qualquer ponto dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro seja possível encontrar pelo menos dois médicos para atender a esse contingente populacional. Embora a razão média de cerca de 540 habitantes por médico em atividade registrada no Brasil – dados de 2010 – seja comparável com a de muitos países desenvolvidos, a estimativa é de que em torno de 7% dos municípios brasileiros não contam com médicos residindo em seus limites, e aproximadamente 25% tenha um médico para mais de 3 mil habitantes.

Essas desproporções são mostradas no mapeamento das áreas que apresentam escassez de médicos no País, desenvolvido por pesquisadores da Estação de Pesquisa e Sinais de Mercado (EPSM), ligada ao Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com a pesquisa Identificação de áreas de escassez de recursos humanos em saúde no Brasil, publicada em setembro de 2012, tomando-se como referências dados de 2010, nas capitais nacionais como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Salvador, Fortaleza, Goiânia, Belo Horizonte, Belém, Curitiba, Recife e Porto Alegre não foram encontrados sinais de escassez de médicos.

Já quando a avaliação parte para municípios brasileiros que atendem somente a população local, não extrapolando sua área de influência para além dos limites geográficos, os problemas de falta de profissionais despontam. “São localidades com até 20 mil habitantes, ou seja, pouco povoados”, explica um dos pesquisadores, o sociólogo Lucas Wan Der Maas.

 

Distribuição municipal do número de Médicos em Atenção Primária* | Create infographics

 

A pesquisa estudou detalhadamente a escassez em 1.304 municípios brasileiros. De acordo com as características avaliadas, 66 desses apresentaram altos índices de falta de médicos, 449 níveis moderados, 626 níveis baixos e, 160, traços de escassez. Já os centros locais com escassez severa identificado foram três: Santa Isabel do Rio Negro (AM), Belágua (MA) e Rurópolis (PA) – todos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, as áreas mais críticas. “Esses municípios são justamente aqueles em que a população depende mais do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica Wan Der Maas. O médico e também pesquisador da EPSM Sábado Girardi destaca outras considerações, além do número bruto, que devem ser observadas para classificar uma área como de escassez. “Pobreza, distâncias, proporção de idosos, de adultos, carga de doenças, o que vai mostrar se é uma escassez ou uma privação essencial”, destaca.

Ouça aúdio do pesquisador Sábado Girardi explicando as variáveis que influenciaram sua pesquisa:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Os dados do CFM, no entanto, revelam que o País chega em 2013 com 400 mil médicos, o equivalente a um aumento de 557% com relação a 1970 quando existam 59 mil profissionais no território nacional. No mesmo período, a população brasileira cresceu 101%, de acordo com o mesmo estudo. “Mas as evidências de escassez são claras, como: altos salários comparado às demais profissões, índices de desemprego menor que 1% e carga horária de trabalho que ultrapassa 48 horas semanais”, pondera o sociólogo Lucas Wan Der Maas .

Ouça aúdio com o sociólogo:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Ainda de acordo com o levantamento do CFM, a Região Sudeste já alcança 2,67 médicos por mil habitantes. A proporção é praticamente a mesma de referências, como o Reino Unido que, de acordo com o Ministério da Saúde, conta com 2,7 médicos para cada grupo de mil habitantes sendo o país que registra o maior sistema de saúde de público de caráter universal, depois do Brasil.

* Colaborou Léo Rodrigues
* Edição: Priscila Ferreira

Creative Commons - CC BY 3.0

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